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Opinião
Terça - 03 de Agosto de 2010 às 09:58
Por: Lourembergue Alves

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Analisar o jogo político-eleitoral é sempre uma tarefa instigante e compensadora. Tarefa que requer, sobremaneira, a independência. Mesmo que não seja neutro, pois a neutralidade, na prática, inexiste. Mas o ser independente, ainda que pareça contraditório diante da frase anterior, é possível. Pois o é princípio imprescindível. Embora se saiba de muitas avaliações comprometidas com um ou outro grupo político.

Aliás, vale repetir a opinião popular corrente, uma porção dos veículos de comunicação, blogs e sites está presa a interesse "A", "B" ou "C". Até mesmo por vínculo empresarial ou comercial.

Explica-se, portanto, porque determinadas análises, apesar de boas, não recebem igual tratamento atribuído a outras tantas, cuja qualidade é duvidosa. Mas seus autores, os das últimas, ganham espaços consideráveis, e, talvez por conta disso, têm maior possibilidade de "fazer a cabeça" de centenas ou, certamente, de milhares de radiouvintes, telespectadores e leitores.

No final das contas, perdem todos. Inclusive a democracia, a qual não se encorpa em terreno onde falta a pluralidade. Inexistência que afasta a crítica e, por outro lado, engrossa o endeusamento de determinados atores. A tal ponto que as ações negativas desses personagens "jamais" podem ser apuradas ou avaliadas.

Caso alguém desrespeite esse "preceito", logo esse mesmo alguém é identificado como ligado à determinada sigla partidária. Ainda que não seja ou, sequer, tenha sonhado em sê-lo.

Prevalece, aqui, a acusação, o estigma e o achismo. Não o valor da crítica. Pois quem o acusa, de pertencer a uma ou outra agremiação, não se ateve as idéias contidas nos depoimentos ou textos. Talvez porque não saiba da importância de se ter o contraponto. Certamente porque advoga que a democracia deva ser um processo enraizado na uniformidade, e, pior ainda, o ponto alto do debate é o momento da desqualificação do interlocutor.

Equívocos bastantes presentes no cenário regional e nacional. Principalmente porque não se está habituado à esgrima, a discussão. Até mesmo pela ausência de argumentos, de conhecimento para contrapor com as críticas contrárias que são registradas, ou porque já se acostumou com a prática de desqualificação do interlocutor. Bastante utilizada em muitos dos sindicatos e centrais sindicais, e, destes, estendidas aos partidos políticos.

Explica-se, infelizmente, a proliferação do bate-boca. Por conta disso, as cisões partidárias, as quais muitas vezes levam a derrotas nas urnas. A literatura especializada é rica nesse aspecto.

A despeito disso, vale a pena se debruçar sobre o jogo político. Descobrir e identificar suas mazelas, situações pitorescas e, principalmente, como se dá ou ocorre às amarrações, alianças e, por fim, as disputas. Ainda que não se tenha tanto espaços da mídia para publicá-las, divulgá-las ou veiculá-las. Vale, aqui, a necessidade de não ser uma "maria-vai-com-as-outras", e contribuir para que dezenas ou, talvez, milhares, também não sejam, apesar da censura velada e sutil em que é submetido.


Lourembergue Alves
é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: lou.alves@uol.com.br



Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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