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Opinião
Quinta - 29 de Julho de 2010 às 09:49
Por: Prof. Felipe Aquino

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A doutrina cristã sempre valorizou o corpo humano por entender que ele é bom. Desde os primeiros séculos, os doutores da Igreja tiveram de combater a doutrina maniqueísta que considerava a existência de dois deuses: um do bem e outro do mal, sendo que tudo que era material era entendido como obra do deus mau. Dessa forma, o corpo, por ser matéria, era desprezado.

Entretanto, a fé cristã sempre viu no corpo uma bela obra de Deus. O homem é uma unidade de corpo e alma. O corpo é tão importante que, no mistério da Encarnação do Verbo Divino, o Filho de Deus assumiu a nossa carne. Por isso, a Igreja entende a grandeza do corpo humano e a necessidade de valorizá-lo e protegê-lo desde a gestação materna. É através do nosso corpo que nos relacionamos como os outros, com a natureza e com o cosmos. Ele não é apenas uma máquina fria sem expressão.
Na pessoa humana, o corpo é um reflexo da vida interior, tanto que expressa o cansaço do espírito, a depressão da alma ou a alegria de viver. Para o cristão, matéria e espírito são duas dimensões do ser. O homem todo é obra boa de Deus, é um ser racional que deve valorizar todas as atividades: físicas, racionais, psicológicas e espirituais. 

Também a Bíblia ressalta a grandeza do nosso corpo. São Paulo fala do cristão como o “templo vivo da Santíssima Trindade”. Jesus disse aos apóstolos que, “se alguém me ama, meu Pai o amará, viremos a ele e faremos nele nossa morada” (João 14,23). E é por isso que São Paulo é tão severo ao advertir os coríntios sobre a necessidade de se manter a pureza do corpo. “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o espírito de Deus habita em vós?” (I Cor 3,16).

Esses ensinamentos fazem com que o cristão saiba usar o seu corpo com dignidade, sobretudo na vida sexual, expressão maior do amor conjugal. Por isso, o sexo não é vivido nem antes e nem fora do casamento. Quando Deus une o casal para sempre, como uma só carne, este se torna um compromisso de vida na dor e alegria. Fora do casamento, toda relação sexual se torna vazia, porque perde o sentido unitivo e procriativo. Pela relação amorosa dos seus corpos, homem e mulher celebram a “liturgia conjugal” e são capazes de dar vida a um novo ser que, como eles, é imagem de Deus.

Por outro lado, o corpo não pode ter uma primazia sobre o espírito. Na antiguidade, se valorizava somente o espírito, desprezando-se o corpo. Hoje, corremos o risco de ver o contrário acontecer. Há pessoas que se tornaram escravas do corpo. O consumismo as convenceu de que o mais importante é ser bonito fisicamente, esbelto, magro. Muitas pessoas são convencidas de que, se não estiverem de acordo com esses padrões, não serão felizes.

Entretanto, Deus seria injusto se fizesse com que a felicidade dependesse da cor da pele, do biótipo do corpo, da ondulação do cabelo. O corpo não é um fim em si mesmo, mas um meio para nos expressarmos. Michel Quoist dizia ao jovem que, para ser belo, é melhor parar “cinco minutos diante do espelho, dez diante de si mesmo e quinze diante de Deus”. Se considerarmos esse princípio, estaremos dando a justa medida às coisas e, por consequência, trilhando o caminho da verdadeira felicidade.


*Prof. Felipe Aquino
é professor de física eautor de mais de 60 livros; apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé” e "Trocando Idéias” (www.cancaonova.com)


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