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Opinião
Quinta - 15 de Julho de 2010 às 09:49
Por: Eduardo Póvoas

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Devoto que sou de São Benedito há quase 33 anos, não existe uma terça-feira sequer, dia da sua missa, que não haja algum motivo, para me emocionar.

São anos de “janela” e toda semana alguma coisa nova faz meu coração bater descompensadamente. Já era tempo de me acostumar com os milagres e as inúmeras graças alcançadas pelos fiéis através do Santo Negro.

Sexta feira, dois de julho, no segundo dia de sua festa durante a missa das cinco da manhã, com a rua e a calçada totalmente tomada, chegando cedo, consegui uma cadeira para me sentar ao lado da imagem de Nossa Senhora do Rosário.

Aos primeiros raios da manhã, da copa de um coqueiro acima de minha cabeça, acordava um enorme sabiá.

Ao abrir os olhos, e com uma expressão de preocupação, a ave se assustava com tamanha multidão ao seu redor.

Lentamente tentava entender o que estava acontecendo e, afinando seu gorjeio como que querendo acompanhar os cantos religiosos, parecia ser mais uma voz no coral da igreja.

“Expulsou” com muita educação os pardais, que normalmente se consideram os “reis” do pedaço e que nesta hora do dia fazem uma algazarra sem fim.

Passou a ser o “senhor” do local, e com uma garganta de dar inveja a um Luciano Pavarroti, provocava os componentes do coral com suas altas e maravilhosas notas musicais.

Nos momentos mais sensíveis da Santa missa, o nosso personagem desconfiava e entendia que nessa hora o silêncio total era imperioso. Com uma educação ímpar ele se deslocava para uma árvore um pouco mais distante do altar e de lá fazia um sereno e delicado fundo musical para acompanhar a Consagração.

Apareceu como seu coadjuvante um pequenino canário da terra, perdido no centro de uma cidade grande e barulhenta, mas enviado por São Benedito para poupar um pouco a garganta do nosso querido sabiá.

Daí para frente parecia a dupla Pelé e Coutinho tal o entendimento de ambos. Cada qual sabia a hora de abrir o bico e presentear a todos que por lá amanheceram com seus acordes musicais.

Creio que este fato deva ser corriqueiro nas manhãs ao redor da Igreja, porém, o dia era especial e o comportamento das aves irrepreensível.

Podem essas duas criaturas repetir por todos os dias esse maravilhoso show, porém igual a esse apresentado aos fiéis de São Benedito nessa fria madrugada, e com segurança absoluta de estarem muito bem “afinados”, é mais uma obra do Santo mouro.

Outra de São Benedito, dia a dia proporcionando surpresas para aqueles que toda semana, às cinco horas da manhã com muita fé, carinho, respeito e confiança, ajoelham aos seus pés com a certeza de que Dele receberão graças e favores.

Viva São Benedito! VIVA.


*EDUARDO PÓVOAS

povoas@terra.com.br



Autor

Eduardo Póvoas

EDUARDO PÓVOAS é dentista em Cuiabá

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