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Opinião
Segunda - 12 de Julho de 2010 às 10:23
Por: Onofre Ribeiro

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Tenho me interessado particularmente pela comunicação digital, porque ela está mudando o mundo e o mundo está mudando por conta dela. As pessoas mais adultas não estão percebendo o surgimento de uma verdadeira nova civilização debaixo do seus narizes, dominada com absoluta perfeição pelos mais jovens. Se as coisas continuarem nesse tom, dentro de alguns anos se abrirá uma distância tão grande entre os adultos de hoje e os joves, imagino que intransponível.

O leitor poderá dizer que estou exagerando. Mas não estou. Até gostaria, porque a minha geração conheceu o lápis preto de grafite, depois a pena de molhar no tinteiro, a caneta tinteiro, só muito mais tarde a caneta esferográfica. A máquina de escrver, hoje abandonada e desconhecida, já foi um "hit" tecnológico.

Um comercial de banco veiculado na televisão há alguns anos deu o alerta. Os pais, na faixa dos 30 anos, chamaram a filha de oito, para "dar o jeito no computador", que estava travado. Ela desce as escadas de casa, cheia de razão e diz, com toda a autoridade: "não sei o que seria dessa casa sem mim". Hoje essa dificuldade de comunicação com as máquinas digitais piorou, apesar delas terem melhorado muito a sua configuração para facilitar o acesso de uso. Mas não é só isso.

Há alguns anos estava escrevendo um artigo para a revista RDM sobre o ex-presidente Juscelino Kubitscheck, cuja posse tentou ser impedida por uma rebelião militar que se desancadeou na cidade de Aragarças, em 1956, em Goiás, vizinha de Barra do Garças. Não me lembrava do primeiro nome do major Velloso, que comandou a rebelião. Foi o dia em que descobri o recém-nascido Google. Abri a consulta e apareceram mais de 100 páginas sobre o assunto, com fotos, depoimentos etc.etc. Fiquei encantado. De lá para cá, sou um permanente usuário do "Santo Google".

Mas aí se levanta uma questão nova que vai cair exatamente no colo da educação. O que fazer com os livros e com as formas tradicionais de se ensinar aos jovens? Antes, se aprendia por repetições, por cantos, por leituras e por decoração de textos, e números e, no último caso, pelo castigo. Hoje com ferramentas iguais ao Google, uma garoto de oito anos, tem acesso a mais conhecimetnos do que tinha um adulto escolarizado há 20 anos. E aí, o que fazer com essa diferença de tempo e de métodos? Estou perguntando, porque não sei a resposta.

Ora, os jovens já alfabetizados, cursando o ensino médio são cobrados na escola por um tipo de aprendizagem. Mas na vida pessoal, eles dominam com facilidade milhares de ferramentas de consulta na internet, onde é o absoluto território deles. A educação tradicional fica a milhares de anos atrás dos acessos que eles alcançam. "Então?", diria um amigo meu que gosta de provocações sem respostas. Deixo a provocação.


Onofre Ribeiro
é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@terra.com.br




Autor

Onofre Ribeiro
onofreribeiro@onofreribeiro.com.br www.onofreribeiro.com.br

É jornalista em Cuiabá.

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