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Opinião
Sexta - 09 de Julho de 2010 às 09:08
Por: Lourembergue Alves

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Terminou o prazo para se inscrever como candidato a um dos cargos eletivos em disputa nas eleições de 2010. Inexistem brechas na legislação para que “Seu” Zé da Silva possa requerer a sua inscrição. Ainda que tenha um histórico de comprometimento com as necessidades da sua comunidade. Aliás, foi exatamente esse comprometimento que o fez se esquivar dos mais variados convites para se filiar a um ou outro partido político. Temia, com isso, limitar a ação que, há muito, vem desenvolvendo, e, em razão disso, não poderá brigar por uma vaga na Assembléia Legislativa. 

“Seu” Zé da Silva, comunitário e preocupado com as coisas idas e vividas dos vizinhos na periferia, não pode brigar por uma cadeira no Parlamento estadual. Mesmo se pudesse, dificilmente seria eleito, pois lhe faltaria dinheiro para a campanha. Diferentemente da maioria dos atuais deputados estaduais que pode ser reeleita e, segundo os analistas, tem como grandes adversários dois ou três vereadores cuiabanos. 

Os vereadores podem sair candidatos. Tem-se notícia de que apenas três deles não concorrerão nesta eleição. São, portanto, dezesseis que entram na briga. Nada pode impedi-los. Afinal, são filiados e gozam de seus direitos políticos. 

Acontece, entretanto, que só isso não basta, ou pelo menos não deveria bastar. Sobretudo quando se olha para o quadro de desempenho dos parlamentares da Capital.

Inexiste, portanto, algo que sirva de passaporte para garantir-lhes estarem entre os postulantes dos cargos eletivos. Nenhuma de suas proposituras trouxe benefício algum para os moradores. E, olhe que já se passaram mais de dezoito meses.

Tempo o bastante para que eles pudessem apresentar projetos de alcance social, econômico ou político. Porém, não se identifica tais projetos. O pior de tudo é que, sequer, a Câmara Municipal se viu na condição de um grande foro para discutir os principais problemas que afligem a população. Mesmo diante da crise na saúde, com médicos em queda-de-braço com o secretário da pasta; do caos no trânsito e do transporte coletivo, que deixam a população “a ver navios”; da operação Pacenas, cujas conseqüências foram desastrosas para a cidade; e da interrupção das obras do PAC, igualmente prejudicial; ou do aterro sanitário, que se coloca como grande dilema. 

Nada disso, entretanto, demoveu os vereadores de seu estado de taciturnidade. Uma situação de desrespeito tanto a instituição quanto aos munícipes. Desrespeito que se alargou com o bate-boca geralmente protagonizado pela presidência da Casa e um ou outro integrante de chapas que lhe foram adversárias, quando da eleição da Mesa Diretora, em janeiro de 2009.

Quadro desenhado com bastante mau gosto. Todo constituído por atores desabituados no lidar com a tarefa de representar. A ponto do ensaio de uma sessão conjunta com os de Várzea Grande ser de um fracasso total. Nem mesmo as cassações de dois vereadores, no ano passado, podem salvar a atuação dos parlamentares da Capital.

Diante disso, uma questão resume as dezenas de observações que chegaram a esta coluna, a saber: “baseados em que situação, dois ou três vereadores podem ser eleitos ao Parlamento regional?” Questão, na verdade, importante por demais para ficar a cargo tão somente dos estudiosos da política. Mesmo diante da impossibilidade do “Seu” Zé da Silva sair vitorioso nas urnas.  


Lourembergue Alves
é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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