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Opinião
Sexta - 02 de Julho de 2010 às 11:15
Por: Lourembergue Alves

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Terminou a novela da escolha dos candidatos a vices. Já era em tempo. Desgaste desnecessário. José Serra que o diga. Igualmente se pode dizer com relação a Wilson Santos. Nenhum deles, entretanto, tem o companheiro de chapa ideal. Pois carecem, tanto ou mais que seus concorrentes, de expressões eleitorais. Detalhe que não foi levado em consideração pelo DEM nacional e regional.

 Quadro que denuncia a falta de “tato político”. Ausência que também é percebida nas fileiras do PDT/MT e PP/MT. Agremiações que não souberam analisar a conjuntura político-eleitoral atual, e, por conta disso, indicaram nomes aquém do exigido. 

Exigia-se muito mais. Sobretudo em uma disputa bastante acirrada, conforme aparenta ser pela cadeira central do Palácio Paiaguás. Isso obriga que cada candidato tenha votos em todas as regiões do Estado. Acontece, porém, que o peemedebista Silval Barbosa tem dificuldades na Baixada Cuiabana, daí a sua necessidade de contar com alguém ligado politicamente a essa região, o que resultariam em votos preciosos. Tarefa que está bem distante do escolhido pelo PP, o experiente Chico Daltro. 

Já o tucano-candidato carecia de um nome politicamente forte no interior. Ao invés disso, o DEM lhe ofereceu Dilceu Dal Bosco. Político respeitado, mas sem a densidade eleitoral que a chapa PSDB-DEM tanto precisa. 

Na mesma sinuca de bico se encontra o socialista-candidato, uma vez que o seu candidato a vice é o deputado Otaviano Pivetta (PDT). Um empreendedor importante, sem, contudo, ser a expressão política necessária para ajudar Mauro Mendes na briga pela chefia do executivo estadual. 

Prevaleceram-se, portanto, interesses particulares. Não as necessidades das coligações em disputas. Isso porque outras candidaturas, sequer, foram viabilizadas. Candidaturas com maiores possibilidades de conquista de votos em áreas eleitorais onde os cabeças-de-chapa têm muita dificuldade de acesso. 

Ponto negativo que contribui para o acirramento da briga. Diferentemente, entretanto, com que ocorre no âmbito federal, uma vez que o único que demorou muitíssimo para ter um candidato à vice-presidente foi mesmo o tucano. Dilma e Marina não titubearam. Ganharam tempo, enquanto Serra se via envolvido em uma querela interna, cujo pano de fundo era a escolha do vice. Aécio Neves caiu fora, o que provocou o naufrágio da chapa pura. O resultado disso foram perdas de dividendos eleitorais significativos para o PSDB.

Prejuízos também registrados no PSDB/MT, que se recusou a pensar na hipótese de ter Wilson e Nilson Leitão na corrida rumo ao Paiaguás, e no PMDB/PT/PR, pois ora Mauro Mendes era tido como o “nome certo” para compor a chapa com Silval, ora esse nome era o da senadora Serys. Nenhuma dessas possibilidades foi concretizada. Talvez em função da ausência de um articulador político no interior de cada coligação. 

Perderam-se todos. E na tentativa remediadora, as respectivas alianças optaram por candidaturas a vice distanciadas da necessidade do momento político-eleitoral do Estado. Momento em que o candidato a vice é de suma importância para a conquista da vitória nas urnas.


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


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Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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