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Opinião
Terça - 01 de Junho de 2010 às 03:32
Por: Lourembergue Alves

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O jogo político-eleitoral brasileiro deste ano se diferencia, e muito, dos anos anteriores. Esse diferencial se deve ao uso das redes sociais. Candidato algum pode ignorá-las. Isso em razão do grande número de pessoas que se encontra “conectado”. Quantidade que está longe de se constituir a maioria do eleitorado. Não por ora. Desprezá-la, no entanto, é mostrar-se desatualizado. Os tempos, agora, são outros. Assim, o Facebook, Myspace, Twiter, Orkut, MSN, etc., tornaram-se veículos importantíssimos na comunicação e no diálogo direto entre o votante e o candidato.

Esvaiu-se, portanto, a fase dos comícios. Pois o grande palanque não é mais o erguido de madeira em uma parte nobre das praças ou nas áreas centrais das avenidas. O eletrônico surte mais efeito, uma vez que atrai mais os eleitores. Afinal, não é outro o papel do rádio e da televisão, ao serem introduzidos no cenário da política, senão o da conquista da opinião pública e do convencimento. Situação que possibilitou o aparecimento da indústria do espetáculo político, forjado pelos marqueteiros, e tem nos candidatos seus principais atores. 

John Kennedy valeu também do seu melhor posicionamento no vídeo para derrotar Richard Nixon (1960). Getúlio Vargas, no Brasil, bem antes, soube utilizar-se do rádio para imortalizar a si próprio; e o regime burocrático-militar, décadas depois, usou igualmente a força da televisão para legitimar algo nascido da ilegalidade, em uma época em que a internet se restringia aos fins militares e de comunicação entre estudantes universitários e professores. Mas foi na década de 1990 que ocorreu sua expansão. Tanto que, nos dias de hoje, é impossível se pensar no mundo sem ela, que, a partir de 2006, passou a ser impulsionada com o avanço das redes sociais. Não foi, portanto, por ocaso que Barack Obama buscou as ditas redes na sua corrida à presidência dos Estados Unidos, em 2008. Devido a seu sucesso, os políticos brasileiros resolveram adotá-las em uma campanha, como estratégia de marketing político.

Grande passo. Poderia ser maior. Isso, porém, não invalida a iniciativa. Embora se saiba que cada candidato precisará montar uma estrutura para melhor se beneficiar.

Não bastar, então, “estar presente nas redes” para se obter sucesso nas urnas. Carece de estratégia. Estratégia que depende de profissionais e de pessoas encarregadas de substituir os boletins generalistas por conteúdos apropriados, bem como em acompanhar as mensagens encaminhadas pelos internautas-eleitores. O que, sem dúvida, elevará os custos da disputa, e, isso, por outro lado, torna o jogo desigual.

A desigualdade na disputa coloca em xeque a própria democracia. Pior seria, entretanto, é não contar com esse instrumento valioso chamado redes sociais. Sobretudo porque estas extrapolam os limites desenhados pelos jornais, revistas, rádio e televisão. Certamente pelo seu viés de comunicação, ou seja, do diálogo entre as candidaturas e o povo.

Apesar de que nem todo o povo se encontra “conectado“. Inclusive com as discussões políticas. Talvez porque os atores políticos estão mais interessados com seus interesses particulares, sobrepondo-os aos da sociedade. Por conta disso, e com razão, a população se vê cada vez mais ausente das ações dos políticos. 


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail-Lou.alves@uol.com.br.


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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