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Opinião
Sábado - 15 de Maio de 2010 às 12:44
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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Ao mesmo tempo em que o mundo volta suas atenções para a crise grega, o ministro Guido Mantega prevê que o Brasil fechará 2010 com crescimento de 5,5 a 6%. Fontes do mercado financeiro chutam em até mais de 8% de aumento do PIB, um número historicamente inferior só aos anos em que JK construía Brasília e ao período do chamado milagre econômico, do regime militar, quando chegamos a registrar até 13,9% (em 1973). Nem mesmo o ufanista e eleitoreiro Plano Cruzado, de 1986, chegou a gerar tanta atividade econômica. Aquele fechou com aumento de 7,5% no PIB nacional.

Sem qualquer dúvida, fechar o ano com crescimento de 8% ou mais, é um boa notícia. Melhor ainda se for verdadeira! Já estamos cansados de ver os governos festejarem seus feitos econômicos - que, muitas vezes, serviram para seus aliados ganharem as eleições - e depois a verdade aparecer cruel e até vingativa. A festa de um período acaba transformada na véspera das crises e de períodos amargos. Só em sete dos últimos 60 anos tivemos crescimento acima dos dois dígitos e, em outros sete, a taxa foi negativa, demonstrando que em vez de crescer, a economia acabou encolhendo.

A lição que nos sobrou é de que, na época da construção de Brasília, nos hoje nostálgicos anos 50, apesar da boa sensação de vida e democracia, nossa economia estava entrando num buraco. Depois, no regime militar, os anos vendidos ao povo como de grande desenvolvimento, também não se consolidaram como tal, pois a seguir veio a crise dos anos 80, que passou sem resultados positivos pelo Plano Cruzado e nos fez capengar até a edição do Plano Real, em 1994. O real teve seus solavancos, mas resiste até hoje e ultimamente experimenta a ufanista e incômoda propaganda governamental de que tudo vai às mil maravilhas. Vencemos uma crise internacional e estamos prontos a vencer a outra, segundo dizem as autoridades.

A história nos obriga a ter uma certa desconfiança. Em todas as vezes anteriores, os governantes nos informavam que tudo ia muito bem e o país, finalmente, havia conseguido emancipar-se. E, logo em seguida – via de regra, depois das eleições – vinham as tristes notícias de que tudo não havia passado de tentativas e arroubos palacianos.

Esperamos que os 5,5 ou 6% do ministro Mantega ou até os mais de 8% dos banqueiros e economistas a seu serviço sejam uma realidade no PIB brasileiro de 2010. Mas que tudo ocorra de maneira firme e sustentável. Que nos próximos anos possamos continuar festejando novos avanços e jamais o retrocesso ou a estagnação. É bem verdade que a inflação está controlada, não devemos mais ao FMI e somos um sucesso em termos de prospecção de petróleo. São pontos positivos. Mas não podemos nos esquecer de que esse Brasil dito desenvolvido tem uma enorme divida social para resgatar com o povo, cada dia mais carente de educação, saúde, empregos, segurança pública e uma série de outros direitos que qualquer pais desenvolvido oferece ao seu cidadão.

Tomara que não estejam, mais uma vez, brincando de desenvolvimento...

 
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves
– dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br                                                                              



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