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Opinião
Quinta - 13 de Maio de 2010 às 15:47
Por: José Osvaldo Bozzo

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Em março de 2010, as exportações do agronegócio bateram o recorde da série histórica da balança comercial: 6,011 bilhões de dólares em faturamento para o Brasil. O valor revela um desempenho 25,5% superior ao do mesmo período de 2009, e pode ser creditado ao incremento dos embarques de produtos florestais (62,1%), aos bons resultados alcançados pelos complexos soja (18,3%) e sucroalcooleiro (48%) e pelos setores de produção de carnes (24,8%), café (26,2%) e couro e derivados (59,6%). O superávit registrado no mês alcançou 4,872 bilhões de dólares.

O valor alcançado pelo agronegócio no primeiro trimestre de 2010 também foi o mais alto da série histórica. Entre janeiro e março de 2010, as exportações totalizaram 14,490 bilhões de dólares, o que significou um aumento de 15% na comparação com as exportações de março de 2009, quando vivíamos o auge da crise. Além disso, o resultado dos três primeiros meses do ano superou em 4% o valor registrado no primeiro trimestre de 2008, ano anterior à crise econômica financeira.

O protagonismo tem sido uma constante para o agronegócio no cenário econômico nacional. Vigorosa e em estável aprimoramento, a produção rural tem gerado permanentes superávits comerciais e garantido a pujança do setor. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que 35% dos postos de trabalho do País estão diretamente relacionados ao agronegócio. O setor também responde por um terço do nosso PIB.

Os ótimos resultados de alguns segmentos podem ser analisados sob o seguinte prisma: no terceiro mês de 2010, as receitas de exportação de carne bovina in natura foram 25,2% superiores às de 2009, passando de 234 para 293 milhões de dólares. O curioso é que a quantidade embarcada sofreu uma leve redução, de 2,4%. O que melhorou foi o preço médio, que teve alta de 28,3% no último ano. Por outro lado, as vendas totais de carne cresceram 24,8%, passando de 914 milhões de dólares em março do ano passado para 1,140 bilhão de dólares no mesmo período de 2010. Hoje, 30% da carne consumida no mundo são de origem brasileira.

Outro segmento no qual o Brasil faz bonito é o do complexo sucroalcooleiro, que teve aumento de 48% na comparação com o mesmo período do ano passado. Evoluímos, portanto, dos 478 milhões de dólares em 2009 para 707 milhões de dólares em 2010. O total embarcado de açúcar foi de 667 milhões de dólares, o que indica um desempenho 63,9% maior.

Na comparação com março de 2009, o desempenho do complexo soja obteve alta de 18,3%, o que totaliza 1,622 bilhão de dólares. O valor exportado de soja em grão aumentou 19,7% em relação ao valor registrado em março de 2009 e chegou à casa do bilhão: de 973 milhões de dólares em 2009, chegou a 1,165 bilhão de dólares em 2010. As vendas externas do farelo de soja, principal insumo para a composição de ração animal, geraram receita de 403 milhões de dólares, 46,3% maior do que a alcançada no mesmo período em 2009.

Uma coisa é certa: o Brasil tem todas as condições para assumir a liderança mundial no agronegócio. Porém, uma vitória desse porte requer a ampliação de competências, tanto técnicas (no que se refere ao desenvolvimento e à adoção de novas tecnologias no campo, e também à melhor qualificação dos profissionais) quanto institucionais - é urgente investir na gestão das empresas que atuam no campo.

Também precisamos estar preparados para enfrentar as chamadas barreiras técnicas, que, sobretudo nos países europeus, se apresentam na forma de exigências rígidas quanto à certificação de origem e qualidade sanitária e fitossanitária, e em última instância constituem severas restrições à entrada de produtos estrangeiros naqueles mercados. A carne e o mel brasileiros são produtos que já experimentaram essas restrições de forma bastante intensa.

O ganho de eficiência nos vários elos que compõem as cadeias de produção agropecuária são nossas melhores armas para ultrapassar os limites já alcançados. Hoje, exportamos para 180 países e intensificamos nossa presença na China (53,5%), Rússia (56,1%) e Índia (112,5%), os nossos "companheiros de Bric". Temos também plenas condições de conquistar novos horizontes. Como tantas vezes na nossa história, o agronegócio será o condutor do Brasil rumo à prosperidade e à conquista de novos mercados frente aos países do chamado ‘primeiro mundo’.


* José Osvaldo Bozzo
é sócio-diretor da BDO, quinta maior empresa do mundo em auditoria, tax e advisory services.



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