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Opinião
Sábado - 17 de Abril de 2010 às 14:22
Por: Paulo Zaviasky

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A minha geração de advogados é mártir dos tempos. Como a de jornalistas. E, como dos honestos. Explico. A mais importante medalha de ouro e de honra do Direito era a definição do ser humano descrito apenas como “homens”, referindo-nos, obviamente, à criança, ao adulto, ao homem e às mulheres, inocentes da progênie à morte.

Até prova em contrário. Além da medalha de prata no pódio das verdadeiras democracias do mundo em que ao acusador caberia a obrigação/dever de provar as indignações contra quem quer que fosse, no supremo ato cívico de cidadania.

Hoje, a inversão de valores é tão grande que qualquer um se reveste do manto sagrado de árbitro e acusa o semelhante de coisas do arco da velha, sem se preocupar em reunir provas e/ou convencer-se do fato marginal da cidadania e sai por aí gritando contra as dores de seu próprio fígado, na mais absoluta certeza de sua impunidade, pois as normas legais que determinam que “ao acusador cabe o ônus das provas” ninguém mais se lembra delas.

Hoje, a moda é “fichas sujas”. Ou “limpas”. O que significa que retornamos ao tempo das cavernas onde o bebê que acabou de nascer já é suspeito de crime, apenas por ser branco, preto, feio ou lindo. Você já nasce suspeito no Brasil e herda uma vida inteira tentando provar sua inocência sobre o passado que nunca viveu. Ou sobre o futuro idem.

Portanto, hoje em nossa pátria a moda são colares de acusações. Explico de novo. Dito “Rabo-Teso”, meu amigo da Rua da Mandioca, onde esta capital surgiu e possui a menor rua de Cuiabá, a Governador Rondon, o engenheiro governador daqui e não o marechal da paz, está preocupado em barrarem suas pretensões políticas pela moralização de nossa gente e de nossos valores, como candidato nestas eleições.

Isto, porque seus dois vizinhos que brigaram com ele por causa de um muro de arrimo que divide as suas casas caiu cinqüenta anos atrás e ele, até hoje, não teve dinheiro para entrar com sua parte que era de vinte e três mil réis. Hoje, tá prá mais de cem reais.

Por isso, acusaram o nosso amigo Dito de ter sujado a roupa deles no varal, deixado a água escoar no quintal deles, não conserta sua calçada, ainda não pintou a frente de sua casa, coloca o lixo antes do horário só para feder tudo ali por perto e usa muito a lamparina e lampião a querosene que proporcionam aquele fumacê danado de ardido nos narizes dos vizinhos durante a noite, e, até, afirmam, que Dito “Rabo Teso” já teria jogado um pelote/pedra no telhado de um deles, sem nunca provarem isso.

E mais noventa e sete acusações sobre esse mal-estar pré-histórico entre vizinhos.

Pronto. Acabam de descobrir que Dito “Rabo-Teso”, meu grande amigo de infância nesta Cuiabá folclórica é um “Ficha Suja”, pois tem mais de cem acusações desses vizinhos e foi condenado uma vez, pela fumaça das lamparinas, por um dos vizinhos que é juiz.

Já gritaram por aí que ele não pode ser candidato agora. A nada. É “ficha suja”. Explico mais uma vez. O morador da Avenida Brooklin Avenue Domanni, ali no centro da cidade no edifício “Maison Deusthechersk Capicce”, o Dr. Nero Allcaponni só tem uma acusação: matou a mãe! É réu confesso, evitou o flagrante. Está solto. É alienígena. Será candidato ao senado e/ou governador daqui. Pode? Aqui pode!

Afinal, ele só tem essa acusação. Matou a própria mãe. E o nosso amigo Dito está impedido pela ONG-ACAE (Organização Não Governamental e Associação Cuiabana de Alienígenas e Extraterrestres) por ter mais de cem processos, sendo dois mais recentes onde o acusam do furto de dois lençóis também.

Vou espalhar em segredo, vinte outdoors com fotos e propaganda de Dito “Rabo-Teso”, sem ele saber disso, em frente do TRE, dos hospitais, das funerárias, das urnas, só para prenderem o Dito e evitarem que ele entre para essa turma de políticos safados que tiraram a ferrovia daqui e até querem dinamitar o “Verdão”. Nem “te” conto a criançada que já fez isso.


* PAULO ZAVIASKY
é jornalista

verpz@terra.com.br



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