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Opinião
Sexta - 16 de Abril de 2010 às 06:09
Por: Lourembergue Alves

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Uma vez mais, PT e PSDB polarizam a disputa pela presidência da República. Podem surgir outros candidatos. Porém, esse quadro se manterá. Certamente pela inexistência de nomes fortes, advindos das demais agremiações. Assim, Dilma Rousseff e José Serra continuarão em um duelo a parte. 

Duelo que os obrigam a comparar os governos Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso. Isso, por outro lado, demonstra a falta de substância no discurso tanto de um quanto do outro candidato.

Sobretudo por parte da ex-ministra Chefe da Casa Civil que, pelo visto, nada tem a oferecer a nação, a não ser o refrão da “continuidade”, ignorando assim os desacertos da atual administração. Pior ainda, torna-se simplesmente uma “garota propaganda”, bem mais que candidata. O que a faz perder suas próprias características, particularmente a de ex-militante da esquerda e a de alguém com personalidade forte, capaz de vencer as intempéries provocadas pela onda de corrupção que envolve o país e o governo que ela mesma serviu. Serviu e se valeu dele para ganhar visibilidade, e, desse modo, ser a candidata do PT para a presidência da República, indicada e imposta pelo ex-metalúrgico, a despeito de toda a sua inexperiência política, somada a ausência de traquejo com as palavras. Daí a série de gafes que vem cometendo, quase à moda Ciro Gomes. 

Gafes que não se vê do lado do ex-governador paulista. Este, no entanto, não é o típico político. Aquele capaz de atrair o eleitorado. Seus gestos são rústicos e nada afáveis. Muitíssimo diferentes dos que se via nas grandes lideranças. Até as suas palavras parecem destoar do discurso de candidato, e isso, entretanto, o iguala a petista-candidata. Condição que subtrai parte considerável de toda a sua bagagem adquirida à frente do Ministério da Saúde, da prefeitura da Capital paulista e do governo de São Paulo. Razão pela qual carece de um candidato a vice de estilo distinto ao seu, tal como ao do ex-governador mineiro, o qual parece ser, contudo, uma carta fora do baralho, segundo o noticiário. 
  
Escolher, portanto, entre o peessedebista e a petista se torna uma tarefa difícil. Dificuldade que não deve ser amenizada com o início da campanha propriamente dita. Sobretudo quando se sabe da confusão na montagem dos palanques nos Estados. Confusão proporcionada pelos interesses das lideranças regionais que, em muitas ocasiões, se chocam com as necessidades da direção nacional de cada partido. 

O resultado disso não poderia ser outro senão um quadro nebuloso. A tal ponto que obrigará o leitor a optar pelo produto de melhor embalagem. Acontece que nem sempre a melhor embalagem traz o conteúdo de alta qualidade. Não porque lhe falta o selo de garantia. Até porque inexiste garantia quando a atual safra de políticos é bastante ruim. 

Nesse particular, oposição e situação são parecidas. Iguais, inclusive, nas ações. Pois o primeiro inaugurou, e o segundo ampliou e institucionalizou o mensalão. Procedendo da mesma forma com relação aos projetos sociais, os quais são utilizados pelos referidos grupos como instrumento para angariar votos. O que obrigará a maioria dos votantes a optar-se por quem não mexer com o Bolsa Família, nem agredir a estabilidade econômica, iniciada e implantada no governo passado. 

Entende-se, agora, o porquê do discurso petista, sempre a pregar que o PSDB, no governo, “irá privatizar e acabar com o programa social”. Os peessedebistas, por sua vez, se defendem com a seguinte toada: “O Brasil pode mais”. Na verdade, pode. Porém, não será capaz de “poder” sem um projeto alternativo. Projeto que nenhum dos candidatos demonstra ter. Dificultando sobremaneira a tarefa dos eleitores.                 


Lourembergue Alves
é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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