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Opinião
Quinta - 08 de Abril de 2010 às 11:19
Por: Waldir Serafim

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No início da década dos anos 1970, o governo federal desenvolveu o programa geopolítico “integrar para não entregar”, cujo conceito era incentivar a ocupação dos territórios vazios. Diversos programas de incentivos fiscais e econômicos foram criados pelo governo federal, que visavam à indução da migração dos centros do sul e sudeste para a região da Amazônia legal. Mato Grosso, com seus imensos espaços vazios, foi o estado que sofreu maior impacto e Cuiabá passou a ser o ponto de encontro desse fluxo migratório, por onde passavam todos os que demandavam ao norte do Estado, ao sul do Pará e aos estados de Rondônia e Acre.

Movimentada por gentes de todo lado do Brasil e do exterior que vinham à busca de oportunidades, Cuiabá fervilhava. A vida noturna da cidade, comandada pelo Balneário Santa Rosa (Balnê, como era conhecido) e pelo Sayonara, era das mais animadas. Quem aqui chegava ficava logo encantado com a alegria e a animação da cidade e, principalmente, com a cortesia do cuiabano, que recebia a todos os “paus rodados” com muita fraternidade. O cuiabano é um povo alegre e Cuiabá uma cidade festeira.

Quando aqui cheguei, em 1974, Mato Grosso decolava rumo ao progresso. Era o início de um ciclo de grande desenvolvimento. Pulsava forte. Era a esperança de muitos que estavam dispostos a apostar no futuro. E eu, jovem recém-formado, não titubeei. Deixei São Paulo, para me aventurar num Estado carente de tudo, menos de uma coisa: calor humano.

Hoje, passados mais de três décadas, posso constatar orgulhoso o quanto Mato Grosso se desenvolveu. Crescemos, nesse período, a uma média de 8% a.a., taxa semelhante à chinesa e bem maior que a brasileira. Hoje Mato Grosso é um estado reconhecido pela potência de sua economia e Cuiabá, apesar de sofrer pelas carências naturais de uma cidade que cresceu de forma muito rápida e desordenada, continua a ser a mesma cidade alegre e hospitaleira.

Tenho para mim que Cuiabá é uma cidade mágica. Talvez por estar situada no eixo da América do Sul tem um magnetismo especial que não se encontra em lugar nenhum. Todos os que aqui chegam logo se apaixonam. Encantam-se, em primeiro lugar, com a beleza da cidade, suas Igrejas, suas ruas estreitas e oblíquas, o verde predominante de sua paisagem. Sensibilizam-se, ainda mais, com a delicadeza e o aconchego do povo, que o demonstra de mil maneiras. O cuiabano, desde o mais simples ao mais ilustrado, prima pela fidalguia, pela nobreza em tudo o que faz e cultiva profundo amor à sua terra, à sua história, à sua cultura.

Licínio Monteiro, um mato-grossense ilustre, costumava dizer: “Quando o povo de fora chega aqui nós chamamos de pau rodado, porque não conhecemos donde veio, mas, à medida que demonstra a grandeza de sua alma nós nunca mais o deixamos órfão.”

Ninguém se sente órfão nesta terra de Rondon. Sempre se pode contar com o calor da amizade para nos agasalhar nos momentos difíceis. É na atmosfera de Cuiabá, neste calor de 40°, que as pessoas desenvolvem seus sonhos, constroem sua biografia, sua história. Aqui ninguém se sente pau rodado. Todos se sentem definitivamente em casa.

Hoje estamos nos preparando para ser uma das sub-sedes da Copa do Mundo de 2014. Não tenho dúvidas, no que depender do povo cuiabano, faremos uma Copa de dar inveja. Saberemos corresponder à confiança que nos foi depositada.


WALDIR SERAFIM
é economista e cuiabano por adoção

serafim.waldir@gmail.com



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