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Opinião
Sábado - 09 de Junho de 2012 às 17:57
Por: Pedro Cardoso da Costa

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Talvez bastasse dizer somente “a venda da casa” que todo mundo saberia sobre qual casa se estaria falando. Trata-se aqui da casa do governador Marconi Perillo de Goiás, agora o epicentro de sua relação com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Aliás, “as casas” vêm ocupando lugar no noticiário e derrubando autoridades. Palocci já foi vítima da uma de diversão em Brasília e de outra milionária em São Paulo, cujo proprietário era um servente de pedreiro desempregado.

Assim como falavam de que se sabe como começam, mas não como terminam as Comissões Parlamentares de Inquérito da Câmara dos Deputados e do Senado, as relações promíscuas de autoridades começam sempre pelo desconhecimento absoluto dos citados, passam lembranças de encontros, almoços e passeios casuais e terminam com a comprovação de recebimento de presentes, viagens em aviões emprestados, compras e muito, mas muito, dinheiro envolvido para ambos os lados. Depois vêm as gravações e os desmentidos.

Com o governador de Goiás a história se repete. Mas o senhor aparece numa foto com ele; mas político abraça todo mundo. Apareceu uma gravação do senhor com ele. O político atende ao telefonema de qualquer um. É só qualquer um ligar... Mas o senhor apareceu numa fita de vídeo almoçando com ele. Foi um almoço patrocinado por um assessor, um amigo empresário... E essas denúncias sempre terminam com a alegação de que as frases são descontextualizadas. Não há uma contra-argumentação na imprensa de que as frases sejam completas e dispensem os tais contextos.

Como regra todas as negociações comerciais ocorrem por meio de contrato de compra e venda. Parece que casa de governador se vende de forma diferente. Agora, batem cabeça porque quem vendeu o fez por um valor, e quem comprou pagou outro bem mais alto. Seria tão simples se o governador apresentasse o contrato, pois não se imagina que tenha vendido uma casa pela ínfima quantia de milhões apenas na palavra, sem nenhum documento. 

Tudo isso ocorre por culpa da passividade da sociedade. A sociedade brasileira passa por um momento de absoluta acomodação, com manifestação apenas virtual, e até essa sem muita ênfase. Já os representantes do Congresso na CPI nem sequer são capazes de apontar essas inconsistências absurdas. Os sites do governo e da Assembleia Legislativa de Goiás deveriam ter sido emperrados de mensagens, fossem favoráveis ou contrárias. Apesar da inércia social, os integrantes da CPI não deveriam menosprezar a inteligência do povo e deveriam exigir apenas a apresentação do documento de compra e venda. 

O andar de cima ainda faz o que bem entende neste país e, apesar de já ser alcançado pela Polícia Federal, continua intocável pelo Ministério Público e pelas várias Justiças brasileiras. Os casos de corrupção que derrubaram vários ministros recentemente comprovam fartamente essa impunidade absoluta.


Pedro Cardoso da Costa
– Interlagos/SP

  Bacharel em direito



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