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Opinião
Segunda - 01 de Março de 2010 às 11:13
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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No mês passado foi o Haiti, pobre país da América Central. Neste fim-de-
semana foi o Chile, próspera nação sulamericana. Outras vezes é o Japão, a
Califórnia e outros pontos vulneráveis do planeta. O terremoto ocorre por razões
geológicas e não escolhe locais ricos, nem pobres. Apenas ocorre, causa danos,
sofrimento e exige providências. Países e populações com um bom nível econômico,
constroem prédios resistentes, montam esquemas de defesa civil e diminuem o
sofrimento do povo quando a tragédia chega. Os pobres ficam vulneráveis, o que
aumenta o número de vítimas e atrasam a própria sociedade.

Há décadas é costume dizer-se que o Brasil é um pais abençoado por não
possuir vulcões e nem estar sujeito aos terremotos de grande intensidade, pois não
nos encontramos na “emenda” das placas tectônicas. Mas os acontecimentos
climáticos recentes são um alerta para outros problemas graves. Já ocorrem
tornados e ressaca marítima de grande porte na região sul. O volume de chuvas e
suas conseqüências são, a cada ano, mais preocupantes.

As populações instaladas em encostas e dentro das várzeas constituem a
grande preocupação brasileira. Décadas de empirismo tecnológico, falta de
investimento e negligência de fiscalização deixaram as populações de menor poder
aquisitivo se instalar em terrenos inadequados. Milhares de famílias e
estabelecimentos vivem e funcionam pendurados em morros onde podem desabar ou
receber outros que desabam de pontos mais elevados. Não é menor o número daqueles
que foram morar ou instalar seus negócios dentro das áreas de alagamento de rios e
do próprio mar, causando problemas ecológicos e sofrendo as conseqüências todas as
vezes em que há uma cheia e esta os atinge.

Somado à imprevidência dos ocupantes de áreas inadequadas, está o desleixo
da população que deposita entulhos nas vias públicas. Esse material inservível é
arrastado pela enxurrada para dentro das galerias pluviais e para o fundo dos
córregos e rios, provocando as enchentes. Ao entulho somam-se o lixo e até os
panfletos que se distribui indiscriminadamente em todas as esquinas. Boa parte do
papelório sequer é lida, e os motoristas a atira em via pública.

Possuímos importantes centros de conhecimento e vasta legislação que trata
da sustentabilidade ecológica. Mas, infelizmente, não dispomos de fiscalização e
nem de vontade política dos governos e instituições para fazer valer as leis e
punir exemplarmente aqueles que as descumprem. Esse despreparo é o “terremoto” ou
“vulcão” que assombra todos nos, brasileiros, todos os dias. E o pior é que pouco
se tem feito de prevenção contra seus efeitos.

A tarefa é de enorme magnitude. Precisamos, com a máxima urgência, remover 
os moradores e negócios que ocupam as áreas de desmoronamento e inundação e, além
disso, educar (e, se necessário, punir) todos os que agridem ao ambiente. É
questão de inteligência, vida ou... morte.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist.
Social dos Policiais Militares de São Paulo)
aspomilpm@terra.com.br 



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