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Opinião
Quinta - 04 de Fevereiro de 2010 às 18:11
Por: Lourembergue Alves

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 Ano político-eleitoral. A campanha já está nas ruas, praças, Internet e nos meios de comunicação. As especulações correm soltas, bem como as torcidas por uma ou outra candidatura. O que reforça o personalismo. Por conta disso, as discussões políticas se restringem tão somente sobre fulano, beltrano e cicrano. O objeto do debate, portanto, se esvai. Até mesmo antes dos interlocutores se virem divididos, se é que os veem nessa situação, entre os grupos do momento, a saber: “blairista”, “mendista”, “jaimista”, “sivalsista”, “wilsista”, “lulista”, “serrista”, etc. 

 Os “istas” dominam a cena. Sobrepõem-se, inclusive, às agremiações inscritas no TRE. Pois aquelas, mais parecem, os próprios partidos “encarnados”. E aí de quem se coloca em campo oposto a qualquer um deles, ou que se atreve a pontuar os erros de ação de cada um de seus personagens “beatificados”! Logo, tem contra si uma série de ataques, com intuito de desqualificá-lo como membro do grupo dos debates. Não é para menos, uma vez que esses ataques são deslocados dos erros apontados e analisados para a pessoa, responsável pela crítica. Isso porque faltam a eles argumentos que possam derrubar a avaliação realizada. Daí o uso de termos pejorativos, acompanhados de impropérios, muitos dos quais utilizados a mando das lideranças endeusadas.   

 Atitudes antidemocráticas. Desaconselháveis em quaisquer rodas de discussão. Principalmente quando se têm em jogo os cargos eletivos. Nesse jogo, entretanto, mais vale a verborragia que as idéias, as promessas que as propostas. Por isso, e não poderia ser diferente, há um vazio nas disputas. Vazio que se torna ainda maior em razão da ausência de discurso. O que pode fazer de um demagogo a pessoa talhada para o posto, e da inabilidade algo insignificante no momento da decisão do eleitor.

Explica-se, então, o porquê o horário político gratuito é todo voltado para que cada candidato construa sua própria imagem, ao mesmo tempo em que trata de destruir a dos concorrentes. Nesse sentido, entende só agora o formato dos debates político-eleitorais. Nesses os candidatos não são testados como deveriam ser. Mas, estranhamente, eles são elevados a condição de esgrimistas, sem sê-los. Certamente porque são “artistas” na arte de “não responderem o que lhes foram indagado”, e, ao contrário de discutirem os problemas da sociedade, cada qual prefere diminuir a relevância do adversário. 

 O personalismo, desse modo, é reforçado. Contribuem para tal, inclusive, os seguidores das referidas “istas”. Pois esses não admitem que o trabalho desenvolvido por seus líderes seja questionado. Sequer avaliados. 

 Tem-se, aqui, a adesão cega a um cacique político. Muitas vezes essa dedicação excessiva se prende as benesses que o seguidor recebe. Fala mais alto, nesse caso, a conveniência. Bem mais que a vontade de se expressar. Até porque exprimir passa a idéia de liberdade, e, não parece ser livre, alguém que se deixa levar ou pela paga ou pelos “istas” existentes. 

 Comportamento que empobrece, bastante, a discussão política. Principalmente quando se percebe que determinadas figuras da arena política são intocáveis, o que tenta inibir qualquer análise de suas ações e realizações. Perdem-se todos, sobretudo a democracia, que não germina em terreno onde prevalece a censura, o proibido e o não pode.     
   
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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