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Opinião
Domingo - 10 de Janeiro de 2010 às 21:32
Por: Lourembergue Alves

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 Um passeio pelo Rio de Janeiro é sempre obrigatório. A cidade possui lugares extraordinários. Não para quem gosta tão somente de bares, festas e mar, bem como aos interessados no aspecto arquitetônico. Neste último, vale lembrar, ela traz belíssimas construções. Suas igrejas, erguidas no século XVIII, somadas aos casarões, também levantados no mesmo período ou mais recentemente, apresentam verdadeiras aulas de arquitetura e de história.
 Mas não é só de “maravilhas” vive o Rio. Suas estampas fotográficas igualmente apresentam partes desagradáveis. A sujeira continua muitíssimo presente pelas ruas, praças e calçadas. Próximo a Rodoviária Novo Rio, onde se pensa construir uma grande obra cultural, por exemplo, tem o aspecto de lugar abandonado. Não só tem como, de fato, o é. O lixo se mistura com as pichações de coisas alguma, formando um quadro tristonho, nada acolhedor.
 Incrivelmente, nesse particular, muitíssimo semelhante com Belo Horizonte. Para não ser, aqui, injusto com essas duas Metrópoles, nem com os seus moradores, vale grifar, que a sujeira está presente na quase totalidade das grandes cidades do país. Ou há um verdadeiro descaso por parte dos governantes, ou essas autoridades perderam o controle, para não dizer falta de organização no que diz respeito ao aspecto visual, somado ao descuido do próprio pedestre, que não se sente nenhum pouco constrangido em jogar papel no chão. Ainda que exista quem procura um sexto para depositar o lixo.
 Cuiabá se encaixa perfeitamente nesse perfil. Porém com um agravante. Dentre as capitais, a do Estado de Mato Grosso talvez seja a que menos conta com placas, deixando o caminhante sem referência.
 Pontos de referências são insuficientes no Rio de Janeiro. Deveriam existir mais. Sobretudo quando se percebe que o carioca, pelo menos em sua maioria, não gosta de dar informações a quem precisa delas. Isso, por outro lado, traz enorme prejuízo a própria cidade, que é vendida como a um lugar pouco acolhedor. Estranhamente, trata-se de um lugar que também tem no turismo uma de suas atividades econômicas, constitui uma das subsedes da Copa de 2014 e subsidiará as Olimpíadas de 2016. O que requer, urgentemente, mudança de comportamento.
 Mudar. Eis, aqui, o grande dilema da antiga sede do governo federal. Seu prefeito, tão logo assumiu, parecia imbuído em atacar os “pequenos” delitos. Feito imprescindível. Principalmente para a localidade que tem a “fama” de violenta. Porém as intenções do alcaide-mor esbarram em atitudes pouco louváveis de muita gente, o que inviabilizam quaisquer iniciativas de disciplinamento, por exemplo, do uso das calçadas, ruas e praças.
 Desse modo, inexiste tamanha iniciativa. Assim, a beleza do Rio se vê sufocada entre a sujeira e a ausência de comprometimento dos governantes e de parte da sociedade. Nesse parigato cotidiano, perdem-se todos. Mais ainda a cidade, que tem necessidade de se mostrar mais atraente, cativante e acolhedora. Não apenas nos cartões postais. Mas na realidade. Pois nem todos que a procuram, o vêm atraídos pelo carnaval e pelas praias. Existem os que a buscam por motivos outros, que variam entre o seu desenho arquitetônico e o seu quadro histórico, cujo panorama está asfixiado pela poluição visual.         
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.  



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Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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