Repórter News - reporternews.com.br
Opinião
Terça - 29 de Maio de 2012 às 20:37
Por: Teomar Estevão Magri

    Imprimir


Sobre o questionamento-título deste artigo, antes de entrar no assunto é preciso entender a filosofia do Sistema Interligado Nacional (SIN), cujo órgão coordenador é o Operador Nacional do Sistema (ONS).  A interligação do Sistema Elétrico no Brasil possui a grande vantagem da flexibilidade operacional. Isso porque a energia elétrica flui de uma região para outra. Esse fluxo é definido de acordo com as necessidades do sistema de transmissão e geração ou mesmo em função de riscos associados à baixa armazenagem de água em reservatórios de grandes usinas hidrelétricas de uma dada região.

O ONS, além de coordenar a operação de todo o sistema elétrico interligado, faz a programação diária de intercâmbio de energia entre as regiões do país e, sendo necessário, envia mais energia de uma região que está com reservatórios cheios para outras, cujos reservatórios estão mais depreciados. Por exemplo: em determinados momentos, o Sudeste/Centro Oeste envia energia para a Região Sul, o Norte para o Nordeste e o Sudeste para o Nordeste. 

No estado de Mato Grosso, em função dos grandes empreendimentos de geração implantados nos últimos anos, volta e meia o assunto relativo à autosuficiência de energia surge nas discussões. Atualmente, o Estado possui 78 empreendimentos de geração em operação. São 62 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), com até 30 MW (Megawatts) de potência; nove Usinas Hidrelétricas (UHEs), com potência acima de 30 MW; e sete Usinas Termoelétricas (UTs) a gás, óleo diesel ou biomassa/bagaço de cana.

De toda a energia gerada no Estado em 2011, 52% foi proveniente de UHEs, 47% de PCHs e apenas 1% de UTs - já que a Termoelétrica de Cuiabá estava paralisada. No mês de abril de 2012, com a Termoelétrica de Cuiabá voltando a gerar, esses percentuais ficaram em 35 % para PCHs, 50 % para UHEs e 15 % para UTs.

Em 2011, a energia total gerada no Estado foi suficiente para atender toda a demanda e exportou-se um excedente de 10,4% para o Sistema Interligado Nacional. No mês de abril de 2012, com a operação da Termoelétrica de Cuiabá, este excedente chegou a 43,2%. A Termoelétrica de Cuiabá, em sua plena capacidade, é capaz de atender a cerca de 37% da demanda total do Estado - ou toda a região da Baixada Cuiabana.

Dessa forma, pode-se dizer que Mato Grosso pode gerar toda a energia de que necessita e ainda exportar o excedente. O volume de exportação para o Sistema Interligado Nacional está diretamente relacionado ao valor da carga e da geração, e estes dois parâmetros variam ao longo do ano. Por exemplo: entre o fim de julho e meados de novembro são registrados os maiores valores de carga - em contrapartida, são meses em que as usinas hidrelétricas produzem menos, em função dos baixos volumes de água nos rios. Neste período de seca, torna-se importante a geração da Termoelétrica de Cuiabá – e Mato Grosso pode receber energia de outros estados, durante parte do tempo.

A grande geração de energia no Estado tem vários aspectos importantes e vantajosos, dentre eles o fato de estas fontes estarem mais próximas aos centros de consumo. Isso proporciona maior estabilidade ao Sistema Elétrico e redução das perdas elétricas (energia que se perde ao longo das grandes extensões das linhas de transmissão). Porém, é o conjunto de fatores que contribui para a existência de um bom sistema elétrico. No caso, é a geração local associada a um sistema interligado composto de várias linhas de transmissão, nas tensões de 230 e 500 KV, que interligam o Estado ao restante do país e possibilitam maior confiabilidade, estabilidade, flexibilidade e segurança operacional.


*Teomar  Estevão Magri é Engenheiro Eletricista e Gerente de Operação do Sistema da Cemat.



Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/artigo/162/visualizar/