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Opinião
Terça - 29 de Maio de 2012 às 12:33
Por: Lourembergue Alves

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A partir do instante em que Cuiabá passou a fazer parte da lista das sedes dos jogos da Copa de 2014, cresceram as expectativas de mudanças. Falaram que a Capital se transformaria em um canteiro de obras. Isso foi e continua bastante badalado. O que não é para menos. Pois, há muito, não se tinha tanto falatório a respeito. Mas, até bem pouco tempo, nenhum tijolo chegou a ser assentado, e o “Verdão” virou um montão de poeira e terras. As construções previstas, então, pareciam ainda presas a páginas de papel, e destas ao imaginário popular. Mas outro dia, depois de quase três anos, algumas artérias citadinas tiveram suas passagens interrompidas, a exemplo da Perimetral, no exato local em que esta se vê cortada pela Avenida dos Trabalhadores. 
  
Estes ditos nós no trânsito já eram esperados. Tanto que o horário de trabalho dos servidores estaduais foi quase todo mudado. Isso para evitar mais transtornos, com engarrafamento a torto e a direito. Iniciativa louvável, porém de pouca serventia, uma vez que a Cuiabá de hoje já não é mais a dos anos 1970, cujo traçado quase se resumia ao velho centro, a avenida “Fernando Corrêa”, Lixeira, Porto e pouca coisa além do Lava-pés. Até o número de carros era outro, infinitamente menor ao que corta o atual tecido cuiabano – bastante alargado –, por vezes e em determinadas situações dividindo os espaços com os pedestres, que também aumentaram significativamente.  
 
Quadro que exigiria, por si só, maior planejamento paras as construções exageradamente anunciadas, e não apenas isso, mas igualmente a comunicação com a sociedade. Duas tarefas que o governo estadual sempre se mostrou despreparado para desempenhá-las. E não por falta de lições. Pois em anos anteriores, com a desativação do “Terminal da Bispo”, as ruas que ladeiam o “Prainha” – a correr submersa, entre paredes de concreto – se transformaram em verdadeiro pandemônio, com transeuntes a baterem cabeças entre si; enquanto as buzinas não paravam de ser acionadas por motoristas estressados, no instante em que lá do alto do 3º. andar do Palácio Alencastro, o prefeito tucano se fechava em seu próprio mundinho. Imitado, infelizmente agora, pelo hoje inquilino do Palácio Paiaguás. A cidade, então, revive uma época que deveria ser lembrada tão somente quando os olhos se deparassem com as imagens e textos cuidadosamente guardados nas prateleiras dos arquivos, acervos particulares e dos veículos de televisão e de rádio.

A lentidão passou a ser real. Mais do que o costumeiro. Isso faz aumentar as dores de cabeça. Tanto para transeuntes como para quem se encontram nos volantes dos automóveis. Estes se perdem em ruelas que servem de atalhos ou de desvios. Mesmo com apenas em andamento 10% das obras anunciadas, ou ainda menos do que este pouco, com o estádio de futebol como pano de fundo de uma tela, cujos rabiscos arquitetônicos se entrechocam uns com os outros, e, destes choques, brotam a desarmonia tão em evidência.

Tudo porque o governador, mal assessorado e pouco cuidadoso, não aprendeu a conjugar os verbos devidos e necessários.      
 
Planejar e comunicar, definitivamente, são dois verbos ignorados pelos governantes. Estes insistem, estranhamente, em fazer as coisas no improviso. Daí o retrato de uma cidade que bem poderia estar em situação completamente diferente.        


Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mal: Lou.alves@uol.com.br.


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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