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Opinião
Quarta - 28 de Maio de 2014 às 09:56
Por: Edivaldo de Sá Teixeira

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O povo comemorou a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo 2014, e naquele momento muitos acreditaram que esta seria a oportunidade que o país precisava para mostrar sua riqueza e atrair milhares de turistas, impulsionando o setor, e evidentemente movimentando a economia.

Passado o período eufórico da conquista do país como sede do campeonato mundial de futebol, hoje, as vésperas da competição, o clima é completamente outro por uma série de motivos, dentre eles a suspeita da população de que no custo das obras, tenham sido embutidos valores que escoariam pelo ralo da corrupção, sem contar a nítida impressão de incompetência do Brasil para organizar o encontro das principais seleções do mundo. A sensação é de que vamos passar vergonha no mundial da FIFA.

Mato Grosso é o exemplo do caos, ao invés de neste momento estarem divulgando as nossas belezas naturais, nosso potencial turístico e econômico, o que assistimos são manchetes negativas, evidenciando o despreparo e a falta de planejamento do Governo Estadual na execução das obras, e o resultado deverá ser um dos maiores fiascos a que um estado se meteu e que deverá causar prejuízos incalculáveis.

Talvez depois que as obras estiverem todas prontas, isso é, se é que ficarão, e a população usufruir de todos os seus benefícios, a avaliação da população possa mudar, mas no momento o sentimento é de vergonha, e vergonha nacional.

Porém, o que me chama a atenção, a grosso modo analisando, é como que um país, com tantas deficiências gritantes nas áreas de saúde e habitacional, por exemplo, decide realizar investimentos públicos baseados em muitos bilhões de reais, para que empresas privadas tenham lucro, entre elas a própria FIFA, que impôs goela abaixo uma série de exigências que em muitos casos prejudicam o próprio Brasil.

Nós Brasileiros, pagaremos pelos próximos anos, os empréstimos feitos pelos Estados, para que as obras fossem erguidas, e o setor privado tenha lucros exorbitantes. A Copa do Mundo é de interesse eminentemente privado, com preços de ingressos longe do poder aquisitivo de milhões de brasileiros. Negociações milionárias estão por trás, em que terão lucros apenas a FIFA e as empresas parceiras, canais de televisão do mundo todo (principalmente a GLOBO), jornais, revistas, etc.

Neste caso, contrariando a nossa constituição, o interesse privado sobrepôs o público.

O Estado deveria estar debruçado em resolver seus crônicos problemas internos, mas está se ocupando em atender demandas que não são tão necessárias para o povo no momento.

Os meios de comunicação, principalmente a emissora oficial e as empresas parceiras da organizadora do campeonato, se esforçam com campanhas que pretendem incutir no povo um clima de festa, inclusive para comemorar um título antecipado, que nem se quer sabemos onde iremos chegar.

Os jogadores se empenham em dizer que não são culpados pelas distorções existentes, a possível corrupção em curso e a situação em que vamos receber os turistas. Eles também são beneficiários diretos dos investimentos públicos.

Talvez por isso, pipocam manifestações de toda ordem, como de professores e policiais mal remunerados, que tendem a crescer e infelizmente manchar a imagem do país durante a copa. Tudo indica que as manchetes nacionais e internacionais terão um misto de copa e manifestações contra o evento.

O resultado dessa mistura deve arranhar a imagem do Brasil no exterior, sem contar que as deficiências que o país apresenta em termos de logística e infraestrutura serão apontadas por críticos internacionais e turistas.

Qual será o resultado dessa copa para nós internamente e para o país no campo externo?



Autor

Edivaldo de Sá Teixeira

Edivaldo de Sá Teixeira é advogado em Nortelândia

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