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Opinião
Terça - 17 de Junho de 2014 às 09:55
Por: José Antonio Lemos dos Santos

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Enfim a bola está rolando na Copa 2014 e a Copa do Pantanal começou muito bem para tristeza daqueles que ainda não aceitam Cuiabá como uma das sedes do grandioso evento mundial.

O primeiro jogo transformou a capital mato-grossense em uma grande festa que se estendeu desde uns três dias antes do jogo até dois ou três dias depois.

Estive no aeroporto ampliado (sem lonas) e ainda pude ver australianos e chilenos embarcando, estes com seus eletrizantes gritos de “chi-chi-lê-lê”, naquela simpática coreografia das mãos levantadas que marcará para sempre a memória do povo cuiabano.

A festa do primeiro jogo me reforçou a impressão que tenho desde 2009 de que a Copa em Cuiabá foi uma estratégia do Bom Jesus para sacudir seu povo visando preparar sua cidade para o Tricentenário. "Não podia ter sido escolhida gente melhor para vir a Cuiabá torcer por suas seleções, na abertura da Copa do Pantanal"

Não podia ter sido escolhida gente melhor para vir a Cuiabá torcer por suas seleções, na abertura da Copa do Pantanal. Chilenos e australianos deram um show de simpatia e se entrosaram com os cuiabanos de maneira perfeita, numa relação de constante alegria, civilidade e, mais importante, sempre em paz.

Cuiabanos, australianos e chilenos juntos quem poderia imaginar que uma mistura como essa pudesse dar tão certa? Os australianos mais comedidos em gestos e expressões, mas muito expressivos com seus grandes e vistosos cangurus infláveis e suas vestimentas quase carnavalescas.

Já os chilenos com uma alegria e contagiante, de caráter mais patriótico, com rostos pintados nas cores nacionais, vestidos com a camisa da seleção e enrolados na bandeira de seu país.

De vez em quando nas ruas, praças, shoppings ouvia-se um grito forte e solitário “chi-chi” que imediatamente era seguido por dezenas ou centenas de outras vozes “lê-lê, chi-chi, lê-lê”.

Impressionante. Para mim, a mais genuinamente alegre festa de massa que já presenciei em meus mais de sessenta anos.

A Arena Pantanal foi o palco maior de toda essa festa recebendo mais de 40 mil pessoas para assistir a partida entre o Chile e a Austrália, sem problemas consideráveis para um evento de tamanha envergadura.

Grosso modo, arriscaria dizer que conviviam naquele espaço espetacular cerca de 20 mil chilenos, uns 10 mil australianos e outros tantos cuiabanos, mato-grossense e brasileiros de outros lugares.

À minha frente, uma família de Nova Canaã, ao meu lado esquerdo uma família de Campo Verde, na fila de trás um grupo de chilenos e mais atrás uma impressionante família de australianos, que devia estar em pai, mãe, avó e 3 filhos, um deles de colo, constantemente abanado pelo pai, e todos uniformizados.

Jamais pude imaginar algo que para mim chegaria aos limites da loucura, tal como atravessar continentes e oceanos para torcer por um time sem chances de vencer numa competição no outro lado do mundo.

E mesmo com o time derrotado, aplaudi-lo, sair festejando, sem esboçar qualquer xingamento ou provocações à torcida adversária. Ainda teve o Fan Fest, no qual eu não fazia a menor fé. Sucesso pleno também, com cerca de 20 mil chilenos, australianos e brasileiros lotando o local com muita festa e sem brigas.

Por coincidência ou não mais um 13 de junho marcando a história de Cuiabá. Em 1867 os cuiabanos retomaram Corumbá para o Brasil, numa missão considerada impossível.

Agora, os mato-grossenses construíram a Copa do Pantanal, embora desacreditados. A abertura da Copa do Pantanal foi um momento em que povos diferentes e distantes se encontraram em um lugar mágico para compartilhar alegria, civilidade, e simpatia, resgatando ao menos um pouco da esperança na possibilidade de convivência da espécie humana.

Ainda caberiam muitos registros positivos desse extraordinário momento, mas fica para depois. 



Autor

José Antonio Lemos dos Santos

JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS é arquiteto e urbanista e professor universitário.

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