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Opinião
Sexta - 20 de Junho de 2014 às 10:07
Por: Romildo Gonçalves

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Hantavirose! O que é isso? A palavra Hantavirose é derivada do rio Hantan, onde o vírus - agente etiológico da febre hemorrágica coreana foi isolado pela primeira vez pelo Dr. Lee Ho-Wang.

A doença associada a vírus Hantaan é uma febre hemorrágica com síndrome renal, termo aceito pela Organização Mundial de Saúde. O que essa doença tem haver com mato grosso? Tem e muito!

Dados da secretaria de estado de saúde de mato grosso, do ministério da saúde e da Fiocruz, confirmam que nos últimos 10 anos foram registrados 223 casos de contaminação de pessoas com a Hantavirose no estado, especialmente das pessoas que vivem na zona rural.

Há uma preocupação das autoridades sanitárias focando a região Sudoeste do de mato grosso que abrange os municípios de Tangara da Serra, Nova Olímpia, Nova Marilândia, Sapezal, Barra do Bugres, Ponte e Lacerda, Santo Afonso, Campos de Júlio, Denise, diamantino, Reserva do Cabaçal, Conquista Doeste, Campos de Júlio, Campo Novos dos Parecis, região onde vivem mais de dois mil indígenas vulneráveis ao vírus. "A melhor e mais prática profilaxia para evitar a contaminar-se com hantavirose é o manejo correto do meio ambiente e fortalecimento da educação ambiental"

Segundo os órgãos oficiais nos últimos sete foram registrados morte de 50 pessoas na região vitimadas pela Hantavirose transmitida por ratos silvestres. O desmatamento florestal na região a redução de predadores naturais como gaviões, cobras, raposas...

Aliado a expansão das lavouras e conseqüente aumento da produção de grãos, contribuem sobremaneira para proliferação dos roedores disseminadores da doença.

Para diminuir, amenizar ou até mesmo estancar este perigo é preciso que autoridade públicas, produtores rurais... Desenvolva um forte trabalho educativo-informativo em meio às comunidades rurais e urbanas, para evitar a continuidade da disseminação da doença na região.

Como se vê paradoxalmente a riqueza da produção agrícola atraem doenças à população humana. A grande produção e produtividade de cereais como milho, soja, sorgo, girassol, gramíneas como Brachiárias Brizantha, Tanzânia... Ricas em amidos e demais nutrientes essenciais à vida, atraem animais para o ambiente.

Dentre os animais presentes encontram-se os pequenos mamíferos roedores transmissores do hantavírus.

No Brasil, as principais espécies transmissoras da doença são Akodon spp. Bolomys lasiurus e Oligoryzomis spp. Animais encontrados em florestas, matas, cerrados e naturalmente em restos culturais, onde prolifera com facilidade em meio a remanescentes de colheitas agrícolas.

Como fonte de infecção humana, estes pequenos animais silvestres tem causado preocupação país afora, contaminando pessoas que trabalham a terra no meio rural. Locais onde a atenção do poder público é ainda incipiente na prevenção e controle de doenças.

A contaminação das pessoas ocorre comumente via inalação do vírus-aerossóis, contato com fezes, urina do animal, ingestão de alimentos, água contaminada... Pesquisas recentemente encontraram evidências em transmissão inter-humana.

O período médio de incubação da doença em seres humanos normalmente se manifesta em 14 dias após a inoculação do vírus.

Os sintomas da doença são febre hemorrágica com síndrome renal ou febre do sono e são classificadas como antropozoonoses virais agudas. Estes sintomas variam de calafrios, cefaleia, fotofobia, dor abdominal, vômito...

A partir dessa fase, pode evoluir-se para o sistema nervoso central e comprometer também os sistemas cardiovascular e respiratório, de grave a letais. Não existe tratamento especifico para Hantavirose, usam-se medidas terapêuticas comuns de outras infecções pulmonares ou cardiopulmonares.

A melhor e mais prática profilaxia para evitar a contaminar-se com a doença é o manejo correto do meio ambiente, fortalecimento da educação ambiental, informação precisa e orientação clara ao homem do campo, ao produtor rural, atendo-se a melhoria da qualidade das moradias humanas, da qualidade de vida das pessoas...

Em Mato Grosso, os municípios que mais concentram ratos transmissores da hantavirose, estão localizados na região Sudoeste. Em junho de 2013, estive pesquisando nos municípios elencados nesse artigo e pude ver de perto a questão em tela. Portanto fica o alerta às autoridades competentes, é melhor prevenir do que remediar.



Autor

Romildo Gonçalves

ROMILDO GONÇALVES é biólogo, mestre e doutorando em Agricultura Tropical pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

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