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Opinião
Terça - 22 de Julho de 2014 às 14:49
Por: Raoni Ricci

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Um duro golpe. A desistência de Jayme Campos (DEM) da disputa ao Senado expõe, definitivamente, a maior aresta da coligação que tenta eleger Pedro Taques (PDT) governador: a vaidade de Mauro Mendes (PSB).

O presidente do PSB é a pedra no caminho que o "Pedra", apelido de um dos mais experientes políticos do Estado, não conseguiu remover.

Aos familiares e amigos, reunidos na residência do democrata na noite desta segunda (21), em Várzea Grande, Jayme anunciou a decisão com convicção.

Com a visão privilegiada de quem já foi quase tudo em sua carreira política, o senador sentiu o isolamento e antecipou sua saída do processo eleitoral para evitar uma tragédia maior.

A semente da discórdia foi plantada durante o ato político que lançou Lúdio Cabral (PT) ao Governo, no dia 29 de junho, na AMM.

Wellington Fagundes (PR), então adversário de Jayme na disputa, tornou pública a traição dos prefeitos Mauro e Percival Muniz (PPS).

Aquele recado ecoou. Nesses 21 dias de campanha, Jayme foi praticamente afastado das principais decisões da coligação "Coragem e Atitude pra Mudar". "Quem realmente é maior nesse grupo que ganhou o comando de Cuiabá e caminhava a passos largos para comandar Mato Grosso? Quem é maior: Pedro Taques ou Mauro Mendes? "

O estopim, comenta-se nos bastidores, foi o lançamento da candidatura de Fábio Garcia (PSB) afilhado de Mauro, a deputado federal.

Durante a tarde, a equipe de Jayme teria sido impedida de colocar seu material no evento, realizado no Hotel Fazenda Mato Grosso. Quando ameaçou ir à imprensa, abriram espaço. Mas já era tarde. Foi a gota d'água.

No evento, com mais de 3 mil pessoas, a festa foi ofuscada pela notícia. Mauro discursava quando todos os políticos no palanque olhavam apenas para os celulares e comentavam o boato.

O prefeito de Cuiabá, timidamente, pediu votos para Jayme e dizia não saber o motivo da ausência naquele momento. Depois que falou, recebeu a informação ao pé do ouvido do seu secretário de comunicação, o jornalista Kleber Lima.

A irritação ficou evidente. Em um certo momento da conversa, Mauro bradou: "É mentira, é mentira, olha ai", disse apontando para a decoração do salão. Kleber pediu calma.

Ao final do ato, Mauro ainda se mostrava surpreso com a decisão, disse que precisa se inteirar dos fatos. Negou ter traído o senador e se limitou a dizer que era Jayme quem precisava dar os detalhes da sua decisão. Sua reação era sempre um sorriso nervoso no rosto.

Último a falar antes do dono da festa, Pedro Taques ficou por quase duas horas ouvindo os discursos dos apoiadores de Fabinho. Tempo em que ficou evidente o abatimento no seu semblante. Parecia não estar naquele palanque.

Ao sair, o senador evitou comentar o assunto e foi direto para a casa de Jayme. Lá, não ficou nem 30 minutos e saiu no carro do diretor do jornal Diário de Cuiabá, Gustavo Oliveira, amigo antigo de Jayme Campos.

O baque foi grande. Perde o DEM e perde muito mais ainda Pedro Taques.

Uma desistência, naturalmente, já seria um fator negativo para a campanha do senador pedetista, nos moldes em que ele aconteceu então, sob acusações de "trairagem", causa um estrago sem tamanho.

Primeiro, porque qualquer nome que assumir a vaga nesse momento entra com uma vida inteira de desvantagem, com muita desigualdade no pleito. Segundo, em função do clima evidente de racha do lado da oposição. Esse grupo não está unido.

Todos estão com Taques, e para por aí. O lugar comum é a candidatura ao Governo. Nas demais vagas é cada um por si, até no Senado.

Para Pedro, uma derrota. Ele, mais do ninguém, colocou a cara a tapa para ter Jayme como seu senador.

Enfrentou o desgaste da imagem de antigo do democrata, acomodou gente em tudo quanto é lado garantiu a dobradinha. Era, realmente, uma posição de coragem.

Entretanto, para Jayme, pesou muito mais a intransigência de Mauro do que as provas de lealdade de Pedro.

Talvez, Jayme tenho entendido o que muitos dos que acompanham essa eleição histórica ainda tentam entender.

Quem realmente é maior nesse grupo que ganhou o comando de Cuiabá e caminhava a passos largos para comandar Mato Grosso? Quem é maior: Pedro Taques ou Mauro Mendes?

Vale mesmo tudo isso, Pedro?. Ah, se Paulo Leite estivesse aqui...



Autor

Raoni Ricci

RAONI RICCI é jornalista em Cuiabá

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