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Opinião
Segunda - 06 de Outubro de 2014 às 17:13
Por: Waldir Bertúlio

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Perdemos verdadeiros imortais por suas consistentes e densas obras literárias, em um tempo menor que uma semana: a morte dos escritores João Ubaldo Ribeiro(18/07/14), Ariano Suassuna(23/07) e Rubem Alves(19/07).

Deixam um imenso espaço vazio, com o dedo em riste para o triste cenário político brasileiro, principalmente nestes tempos de tanta baixaria nas eleições.

No lançamento da obra ‘Viva O Povo Brasileiro‘ de João Ubaldo, estava junto com minha amiga Sônia Lafoz, lá em Curitiba, quando compramos o livro e conversamos bastante sobre o seu conteúdo. Sônia é a ex-guerrilheira mais lendária do Brasil, esteve recente aqui em Cuiabá, onde morou bastante tempo .

Enfim, declinou de dar entrevistas para mim sobre sua vida. É uma trajetória da verdade. Entendemos que João Ubaldo nunca curvou-se a qualquer tentação de sinecura. Combateu veementemente em sua prática de escritor, pela autonomia e honestidade intelectual. "Precisamos valorizar e repolitizar também a área da cultura, onde habitam tentáculos que nada tem a ver com a independência e honestidade intelectual. "

Li com prazer o seu último artigo ‘O correto uso do papel higiênico‘. Quando a liberdade e a integridade de opinião estão ameaçadas, a perspectiva democrática é abalada gravemente. Quando a verdade é apagada pela mentira e pela dissimulação, como assistimos nos cenários da política, da cultura e da arte no Brasil e em MT.

João Ubaldo nos transmite que fundante no discurso da arte literária é a busca incessante pela verdade do conhecimento. Portanto, perdemos nele um lutador pela causa da dignidade e independência do pensamento, enfrentando e resistindo a achaques, aversões e ojeriza dos políticos de plantão no poder de nosso País.

De Itaparica para o Brasil e o mundo, a busca incessante pela verdade possível. A partir do enfrentamento a manipulação e desonestidade na cultura, nas artes, na literatura, para confrontar a desonestidade política.

O palco de despedida de João Ubaldo é uma arena de indignação e confronto com a desconstrução do pouco de ética política acumulada em nosso país (muito aqui em nosso Estado).

Corrupção material, das mentes, dos sonhos, da esperança, e até se possível, das almas da nossa gente. Assim, a literatura, a poética, as artes em sua amplitude infindável, seguem na busca pela verdade e contra a manipulação e a desonestidade.

Exercer a poética desde as bases de Aristóteles, onde conhecimento e verdade são únicos e não se dissociam.

O pressuposto é perseguir a verdade, onde os conhecimentos expressam e legitimam pela sua credibilidade. As Academias, desde as Universidades, as letras, pululam de sacripantas.

É preciso desmascara-los. Retomar desde os quatro argumentos Aristotélicos:- a poética, que é o possível; a retórica, que é o provável; a dialética, que é o verossímil, e a analítica, que é a certeza.

Podemos dizer então que a função eixo que devemos procurar é a honestidade intelectual e política.

Essa honestidade e decorosidade, tem infelizmente sua antítese no cenário que passamos nestas eleições, e como se portaram também os agentes da cultura e das artes.

Temos que superar também em MT os falseadores (as) dos que mantém a verdade como direcional na trajetória de vida.

Precisamos valorizar e repolitizar também a área da cultura, onde habitam tentáculos que nada tem a ver com a independência e honestidade intelectual.

A lição que João Ubaldo nos traz como escritor e ator da cultura, é que, o melhor aliado nosso deve ser a busca da verdade.

Onde mais fecundar a liberdade de criação, os sentimentos, as emoções e a utopia? Vamos sonhar e reaver as verdadeiras esperanças.

Viva João Ubaldo Ribeiro, ‘Viva o Povo Brasileiro‘! 



Autor

Waldir Bertúlio
waldir.bertulio@bol.com.br

WALDIR BERTÚLIO é professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

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