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Opinião
Terça - 23 de Dezembro de 2014 às 10:28
Por: Renato de Paiva Pereira

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Pagamos impostos exatamente porque são impostos (particípio do verbo impor). Ninguém pode decidir não pagar, o que nos é impingido, a menos que consiga enganar os arrecadadores, mas aí o risco é grande.

O problema é que a partir do momento que o dinheiro desse imposto sai do nosso bolso, aceitamos que os políticos passem a ser donos dele e, no máximo esboçamos uma reação retórica, como estou fazendo aqui, na hora que as roubalheiras aparecem.

Que outra explicação pode haver para tanto descaso que nós temos com o dinheiro público? Por que aceitamos tão candidamente que os políticos embolsem a grana que lhes compete administrar?

O que nos faz sentir somente uma revolta passageira a cada notícia de desvio, esquecida uma hora depois? "O Tribunal de Contas do Estado, que tem por obrigação fiscalizar as contas públicas, contribuiu com generosa fatia no incremento dos malfeitos. A venda de cargo, a julgar pelo que a imprensa noticia, é uma ação recorrente naquele órgão"

O que nos motiva, a cada eleição, supor que tais ou quais eleitos vão resolver o problema da corrupção?

Hoje, por exemplo, há um escândalo descomunal no país, envolvendo o executivo federal, ministros, governadores e empresas estatais. O Congresso está atolado até o pescoço com a participação de vários deputados federais e senadores com desvios bilionários.

São tantos os bilhões noticiados pela mídia, que já nos parece uma quantia irrisória. Não custa lembrar que 1 bi dá pra comprar 10 mil casas populares, suficientes para abrigar toda a população de uma cidade mediana.

Há ainda as monstruosidades aqui em Mato Grosso. No governo, também nesta semana, dois secretários de estado foram presos por conluio com empresários para desviar dinheiro público.

Na Assembleia Legislativa local, um delator premiado, ex-deputado, desnuda um esquema de roubo, do qual ele próprio participava.

Na Câmara de Vereadores de Cuiabá, este mesmo delator, montou juntamente com o ex-presidente um esquema de desvio através de notas fiscais frias, cujo dinheiro voltava na sua maior parte para as mãos dos políticos.

O Tribunal de Contas do Estado, que tem por obrigação fiscalizar as contas públicas, contribuiu com generosa fatia no incremento dos malfeitos. A venda de cargo, a julgar pelo que a imprensa noticia, é uma ação recorrente naquele órgão.

Aliás, somente confirma o que o povo sabe e comenta há anos. Agora mesmo um conselheiro do TCE, o governador, um ex-governador e um ex-secretário de estado estão sendo processados pelo MPE, juntamente com diversos empresários, exatamente por essa prática nefasta.

Alguém tem dúvida que esses esquemas de ladroagem ocorrem em todos os estados da União?

A corrupção tem um viés cultural e, por isto mesmo, demanda muito tempo para ser modificado.

Enquanto esperamos essa sonhada modificação, resta apegar-nos ao Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual, Polícia Federal, Gaeco e Polícia Fazendária, de onde pode nos vir o socorro.

Outra possibilidade seria mudar para a Noruega, o país menos corrupto do mundo, mas lá é muito frio e teríamos saudades do calor de Cuiabá.



Autor

Renato de Paiva Pereira
renato@hotelgranodara.com.br

RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor em Cuiabá

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