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Opinião
Sexta - 26 de Dezembro de 2014 às 08:24
Por: José Antonio Lemos dos Santos

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No finzinho de novembro o Aeroporto Marechal Rondon recebeu seu trimilionésimo passageiro, cuja chegada eu havia previsto para fim do ano passado, em artigo de outubro daquele ano. Mas, faltaram 4321 passageiros, menos da metade de um dia de movimento do aeroporto e ele não veio em 2013. Enfim, agora apareceu, junto com os preparativos do Natal, sem tapete vermelho ou banda de música, sem retrato ou foguetório, sem sequer uma notícia. Não sabemos nem se estava chegando ou partindo, se era homem ou mulher. Desprezado, porém importante, afinal ele coloca o Marechal Rondon no patamar dos aeroportos com movimento superior a 3 milhões de passageiros por ano, consolidando-se entre os mais movimentados e os de maior crescimento do país.

"Mato Grosso está inserido na escala mundial da produção agropecuária e o Marechal Rondon, mesmo que ainda subdimensionado e inacabado, é a nossa principal interface global, ferramenta de conecção física com pessoas do mundo" A importância desse número está não só em sua dimensão, mas, também em seu dinamismo. Alcançou a faixa de 1,0 milhão de passageiros/ano em 2007 e apenas 7 anos após tem seu movimento triplicado, expressando muito bem a pujança da região a qual serve, uma das mais produtivas e dinâmicas do planeta. Isso é riqueza, é potencial de desenvolvimento, de geração de empregos e renda. O privilégio de dispor de um aeroporto de categoria internacional preparado para atender com conforto e segurança suas demandas do momento e do futuro é hoje um dos fatores essenciais para o nível de inserção de uma cidade na cadeia produtiva global. Mato Grosso está inserido na escala mundial da produção agropecuária e o Marechal Rondon, mesmo que ainda subdimensionado e inacabado, é a nossa principal interface global, ferramenta de conecção física com pessoas do mundo. E desenvolvimento não se faz sem relações interpessoais cada vez mais crescentes e exigentes em conforto, segurança e agilidade.

A marca dos 3 milhões de passageiros/ano é reflexo do trabalho produtivo e sofrido da gente mato-grossense, gente que merece respeito. É bom lembrar que sem o “pibão” mato-grossense o Brasil não teria sequer seu “pibinho”. Sem dúvida é preciso que o foco se volte para a conclusão desta ampliação que deveria estar pronta para a Copa, mas sem perder de vista que o processo de desenvolvimento de Cuiabá e Mato Grosso vai muito além da Copa e que a atual ampliação não atenderá sequer o movimento atual de passageiros. Já está lotado. Ficou claro que havia uma grande demanda reprimida, em prejuízo do desenvolvimento do estado. É preciso porém lembrar que melhorou muito, e hoje mal dá para imaginar como este movimento cabia naquela estação do início do ano, antes desta sua ampliação inconclusa.

Sem a Copa não teríamos nem o que temos hoje, mas ainda vai ser necessária muita cobrança dos setores organizados da sociedade mato-grossense e seus líderes para que esta obra seja concluída, e muito mais ainda, para o estabelecimento de um cronograma de ampliação do aeroporto em sintonia com o desenvolvimento de Mato Grosso. Com a Copa já foi dificílimo, imagine sem a Copa. Um bom começo seria resgatar o Plano Diretor elaborado pela própria Infraero, na época presidida pelo saudoso cuiabano Orlando Boni, que já previa uma nova estação de passageiros voltada para o Cristo Rei e inclusive uma nova pista. Para os que acham que é muito, não é muito não, isso é Mato Grosso.

Neste assunto jamais será demais lembrar o exemplo da fantástica visão de futuro dos que na década de 40 tiveram a coragem de destinar na Cuiabá de então mais de 700 hectares à ainda incipiente aviação comercial. Era muita confiança no desenvolvimento do estado e da aviação. Tinham a visão correta do futuro. Profetas. Quantos hoje teríamos ao menos uma parcela dessa visão e coragem? Para chamar de “elefante branco” sim, aliás, muitos.



Fonte: RD News

Autor

José Antonio Lemos dos Santos

JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS é arquiteto e urbanista e professor universitário.

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