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Opinião
Sábado - 10 de Janeiro de 2015 às 10:36
Por: Luiz Henrique Lima

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Todos os democratas estão profundamente chocados com o ataque terrorista à redação do jornal Charlie Hebdo, em Paris.

Assassinos encapuzados massacraram a sangue frio todos os que encontraram pela frente: recepcionista, segurança e os jornalistas e cartunistas que participavam da reunião de pauta semanal. Doze mortes em poucos minutos, além de muitos outros feridos.

O episódio impacta pela sua brutalidade. Perseguições a jornalistas, especialmente praticantes do humorismo crítico como era o caso de Charlie Hebdo, não são exatamente uma novidade.

Todos os anos, registram-se inúmeras mortes de jornalistas e dezenas de ocorrências de censura à imprensa. Só que isso costuma ocorrer em regiões de conflitos armados ou com regimes autoritários.

Dessa vez, foi no centro de uma capital europeia. Logo em Paris, cidade por tantos motivos símbolo das conquistas libertárias, berço da moderna concepção dos direitos humanos, refúgio de um sem-número de artistas e intelectuais de todas as partes do mundo. "A maior homenagem que se pode prestar às vítimas do Charlie Hebdo é a reafirmação dos valores democráticos e humanistas. É a defesa intransigente da liberdade de expressão e de imprensa. "

Ao que tudo indica, o crime foi praticado por fanáticos religiosos, associados ou identificados com organizações terroristas que têm praticado atos de extrema barbárie como a decapitação de reféns e a escravização de mulheres e crianças dos territórios ocupados militarmente.

Diante do horror desse atentado, ninguém pode ficar omisso ou indiferente. Ninguém pode se acovardar ou contemporizar. Não há negociação possível com terroristas enlouquecidos.

Trata-se de um crime hediondo que deve ser punido.

Trata-se de um ataque à liberdade de imprensa que deve ser denunciado.

Trata-se de uma declaração de guerra à democracia. Uma guerra que somente será vitoriosa se não sacrificarmos nossos princípios para vencê-la.

Admitir abrir mão do respeito aos direitos humanos ou de parcela das liberdades civis em nome de medidas de segurança para combater o terrorismo é cair na armadilha dos inimigos da democracia.

Nessa luta, a coerência é uma arma tão importante quanto a inteligência.

A maior homenagem que se pode prestar às vítimas do Charlie Hebdo não é o luto das bandeiras a meio pau ou a dor e a saudade expressas em coroas de flores.

Não é a vingança ou o ódio contra os assassinos. Não é o preconceito contra sua etnia ou religião. Não é a renúncia ao bom humor e à crítica satírica, muitas vezes ácida e iconoclasta.

A maior homenagem que se pode prestar às vítimas do Charlie Hebdo é a reafirmação dos valores democráticos e humanistas. É a defesa intransigente da liberdade de expressão e de imprensa.

É o repúdio à violência e à intolerância sob todas as suas formas. É a determinação serena e firme de que a democracia somente se fortalece quando é praticada na sua plenitude.

A reação imediata e espontânea da opinião pública mundial foi emocionante. Autoconvocados por redes sociais, dezenas de milhares de pessoas reuniram-se em manifestações de solidariedade, não apenas em Paris, mas em Berlim, Londres, Nova Iorque e muitas outras cidades.

Encontros sem palavras de ordem rancorosas ou sanguinárias e sem partidarismos, mas sem medo e com cartazes portando uma poderosa mensagem: ‘#JeSuisCharlie’ (Eu sou Charlie).

Significa dizer que todos fomos vítimas do ataque brutal, mas também que nenhum atentado conseguirá nos derrubar a todos.

Que a profunda tristeza deste momento seja inspiradora para os defensores da liberdade e dos direitos humanos.



Autor

Luiz Henrique Lima

LUIZ HENRIQUE LIMA é conselheiro substituto do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT)

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