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Opinião
Terça - 27 de Janeiro de 2015 às 09:43
Por: Alfredo da Mota Menezes

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A presidente Dilma Rousseff sancionou, dia 19, segunda feira passada, medida provisória que permite a entrada de capital externo em hospitais privados do país, incluindo os filantrópicos.Entidades de saúde pública dizem que vão ao STF.

Se a presidente sancionou essa abertura ao capital de fora é porque tem embasamento para enfrentar esse debate jurídico.

Há precedente, aconteceu com o setor de planos de saúde. A Amil e a United Health já pertencem a grupo norte americano. Também se abriu ao exterior a área de análises clínicas.

Até Cuiabá vendeu uma delas.

No Brasil, segundo matéria na mídia nacional, se tem mais de 3.900 hospitais particulares que movimentam algo com o 100 bilhões de reais por ano. É uma mina de dinheiro e o capital de fora está de olho.

De olho principalmente nas áreas médicas mais rentáveis (é comércio mesmo), como ortopedia, cardiologia, neurocirurgia e oncologia. Não vão para maternidade, primo pobre na equação. "Convivem dois povos num só país. Assistência médica quase de primeiro mundo para quem pode pagar e a outra,para quem depende da saúde pública gratuita, com seus enormes problemas."

O exterior quer entrar no setor porque se tem hoje mais de 51 milhões de brasileiros com planos de saúde, aqueles que têm acesso à medicina privada. Um grupo, Rede D’Or, com 27 hospitais, já está em entendimento para passar uma parte ao controle externo.

A entrada de grupo do exterior nessa área vai melhorar a gestão desses hospitais, trazer tecnologia nova e trocas de conhecimentos. Os outros hospitais particulares terão que melhorar seus atendimentos senão perdem pacientes. Ao estabelecer a competição, ganha o paciente.

Para quem tem plano de saúde a entrada de capital do exterior nos hospitais privados é uma coisa muito boa. Mas e a saúde pública, como é que fica nisso? Os fatos mostram que ficará onde sempre esteve.

É uma clara demonstração da existência de ‘os dois brasis‘, como no titulo do livro do francês, Jacques Lambert, de 1957.

Convivem dois povos num só país. Assistência médica quase de primeiro mundo para quem pode pagar e a outra, para quem depende da saúde pública gratuita, com seus enormes problemas.

A ideia do SUS é muito boa, mas porque não funciona? Falta de dinheiro? Quando havia a CPMF, o imposto do cheque, a saúde pública era melhor que agora?

Estudo da Fiesp, na época da derrubada dessa taxação, mostrou que mesmo com a CPMF não melhorou o atendimento na saúde pública.

Faltava gestão, dizia o estudo. De lá para cá se passou parte da administração da saúde pública para OSS e, em muitos casos, também não funciona.

Em palavras mais diretas:

gestão pública ou com OSS e muito dinheiro não fazem funcionar, como deveria funcionar, o atendimento na saúde pública brasileira.

Você que está lendo esta coluna tem alguma explicação para esse fenômeno nacional?



Autor

Alfredo da Mota Menezes

ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e articulista político

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