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Opinião
Quarta - 29 de Março de 2017 às 07:16
Por: José Luiz Tejon Megido

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Direto da França no Master em Agribusiness e Food Management, o debate intenso ocorreu sobre a seguinte questão: para 2050, previsões apontam que poderemos chegar a ter na Terra até 10 bilhões de pessoas, então precisaríamos praticamente dobrar a produção de alimentos. O que também significaria enfrentar uma escassez de terras agricultáveis, uma gigantesca pressão por produtividade, logística e distribuição de um volume que passaria dos cerca de 2,5 bilhões de toneladas para mais de quatro bilhões de grãos, isso sem contar vegetais, frutas, carnes, biocombustíveis, fibras e toda a sustentabilidade envolvida.

Mas aí surge uma questão interessante. Será que o problema do mundo de alimentação exige mais volume de soja, milho, trigo, arroz, feijão, carnes ou exigira menos volume e muito mais nutrição para cada quilo ou cada grama produzida?

Se melhorarmos a nutrição dos solos atuais, das plantas, com a ciência dos geneticistas no gene design, e dos micronutrientes, se as plantas industriais do processamento de alimentos extraírem cada vez mais nutrição do mesmo grão originado no campo, de cada parte da proteína animal, se, além disso, tudo, suplementações nutricionais atuarem, e com análise sensorial e a neurociência encontrarmos um melhor equilíbrio entre prazer, satisfação e saúde com muito menos volume e mais nutrientes em um prato, e isso ainda associado a uma luta contra o desperdício de alimentos que vive na casa de 1/3 da comida produzida indo para o lixo.

Será então que o futuro do alimento não virá da redução dos volumes e do aumento exponencial na sua qualidade nutricional?

A soja do amanhã produzirá a mesma quantidade de proteínas da soja de hoje por tonelada? O café do amanhã já bem espremidinho e trabalhado no expresso, não será transformado cada vez mais em uma ótima essência com menos grãos por bebida? E assim por diante para as frutas, hortaliças, etanol e tudo mais?

No debate na França ficou um ponto de interrogação sobre o futuro dos alimentos. Será uma conta aritmética simples, logo volumes e volumes produzidos, ou a conta será uma exponencial no aproveitamento dos nutrientes? Será menos área para a agropecuária, mas com uma hiper intensidade de qualidade nutricional?

Aqui debatemos o amanhã, a educação alimentar, a guerra contra o desperdício e a ciência agregando muito mais nutrientes por quilo produzido e processado. Sem contar ainda a agropecuária local, como produção de carne em pequenas áreas com bem-estar animal nos modelos compost barn.

Esse futuro do alimento será muito mais biofortificado do que imaginamos hoje, gene design e neurocientífico.


* JOSÉ LUIZ TEJON MEGIDO, Conselheiro Fiscal do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM.



camila.lopes@alfapress.com.br



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