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Opinião
Quinta - 30 de Março de 2017 às 06:51
Por: Renato Gomes Nery

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Cada época com seus modismos, incoerências e contradições. Estamos num período de que tudo tem ser supostamente correto, como se antes tudo era torto. Politicamente correto implica não somente numa questão política, mas de que devamos ter todas as opções de vida corretas ou supostamente corretas.

Vai lá saber o que é isto! Na política, politicamente correto é de preferência ser de esquerda. E não fica aí. Se envereda pela moda, comida, saúde, comportamento e opções de vida. A internet está aí para ajudar nesta empreitada.

Enfim, tudo estava errado. Os mais velhos não sabem de nada. Os mais moços já nasceram com a solução para tudo. E o pior querem consertar os mais velhos com aporrinhações de pretensas soluções para tudo. Tudo gira em torno destas novas premissas. Este assunto é para vários livros, estudos e teses. Entretanto, vamos ficar neste artigo somente na alimentação e saúde.

Arroz engorda. Feijão dá flatulência. Carne vermelha - agora fraca - apodrece no estômago e provoca câncer. O leite de vaca é para bezerros e não para humanos. O pãozinho francês que contém glúten é um veneno. Alimentos são condenados e absolvidos pela nova ordem. Não fazer ginástica é abreviação da vida. O que será que Oscar Neimeyer que viveu mais de 100 anos, sem alimentação correta, sem ginástica e ainda fumando, pensaria desta afirmação?

Existe uma profusão de ditadores da culinária a receitar as mais curiosas receitas, misturas e a recomendar os mais diversos tipos e espécies de alimentos. A indústria de chá, ervas e afins nunca esteve tão próspera. Os chamados produtos orgânicos estão em franca expansão. A farmacopeia é pródiga em suplementos e remédios de todo tipo.

A ordem é vida saudável a todo custo.

As conversas femininas estão sendo pautadas por dietas, suplementos, ervas, remédios e aparelhos de ginásticas milagrosos. Todo dia tem uma novidade. Experimente ficar numa mesa com duas mulheres falando exaustivamente sobre estes assuntos e você se sentirá um ET.

Não sei como a civilização chegou até aqui comendo tanta coisa contraindicada! Já pensou o que seria do Brasil sem arroz e feijão? Sem mandioca. Sem leite de vaca e seus derivados com lactose! E sem a energia do açúcar, da rapadura e do caldo de cana! Sem gordura de porco! E do pãozinho francês com glúten!

Não sei como a civilização chegou até aqui comendo tanta coisa contraindicada! Já pensou o que seria do Brasil sem arroz e feijão?

Ingrata é a desnutrição que ceifa a vida de milhões de pessoas todos os dias. A nossa vida burguesa nos permite escolhas de alimentos de todo tipo, mas não exagere mandando às favas os alimentos que sempre nos mantiveram nutridos, fortes e sadios.

Tudo que é demais sobra. Não jogue para o ‘Index’ o que há de mais caro para a nossa excelente culinária. Os exageros destes modismos vão passar e nós voltaremos a acreditar que o que nos mantém de pé é nosso rico arroz com feijão; o ovo; a carne vermelha, o leite de vaca, a farinha; a farofa e o tutu com carne de porco e tantas outras iguarias deste nosso abençoado País.

Um dos prazeres da vida é a comida. Enfim não vivemos de ração, mas de uma boa refeição com sabor, gosto e aroma. E como é bom comer bem, sem restrições e nem culpas! E ainda por cima degustando uma rica cachaça!

Aproveito a oportunidade para agradecer a todos que do alto de sua sabedoria, me dizem:Você precisa emagrecer! Você precisa entrar numa academia! Você precisa fazer um programa alimentar! A vida dos outros não é da conta de ninguém. ‘Cada um sabe a dor a delícia de ser o que é‘, conforme afirmou Caetano Veloso na canção O Dom de Iludir.

Renato Gomes Nery é advogado em Cuiabá-MT



Autor

Renato Gomes Nery
rgenery@terra.com.br

É advogado em Cuiabá.

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