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Opinião
Sexta - 11 de Maio de 2012 às 08:00
Por: Mario Eugenio Saturno

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Para um país que não guerreia com vizinhos há quase 150 anos, o Brasil é um país bastante violento. Como já vimos em outra ocasião, a taxa de homicídios do país aumentou mais de 3,5 vezes nos últimos 30 anos, passando de 11,7 por 100 mil habitantes para 26,2. Isso apesar de São Paulo, exemplo para a nação, ter diminuído para a casa dos 10.

Outra "guerra interna" é a violência do trânsito e, novamente, São Paulo destaca-se. Em 2010, morreram por causa dos veículos nas ruas e calçadas 1.357 pessoas , sendo que 630 eram pedestres. Para se comparar, morreram por homicídios dolosos 1.196. A prefeitura da cidade faz campanha para diminuir os atropelamentos na cidade e já obteve sucesso. De maio de 2011 a janeiro deste ano, caiu 37%o número de pedestres mortos na região central. Mas ainda há muito que se fazer. Certamente é necessário uma legislação mais dura e muita fiscalização.

Certamente, é o consumo de drogas, sejam legais ou ilegais, o grande gerador de violência. Segundo o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, o uso de drogas matou 40.692 pessoas entre 2006 e 2010, ou 8 mil óbitos por ano, em média. E, ao contrário do que muita gente pensa, o álcool é o que mais mata. A bebida foi causa de morte de 34.573 pessoas, 84,9% dos casos. Em segundo lugar vem o fumo, com 4.625 mortos ou 11,3%. Finalmente, a cocaína aparece com 354 mortes.

É um caso de saúde pública e os governos devem prestar atenção a isso, e não custa lembrar que os deputados, estaduais e federais, e senadores devem fiscalizar a ação dos governos. E para alertar a classe política, o Estado de Minas Gerais lidera as mortes por álcool apresentando uma taxa de 0,82 morte para cada 100 mil habitantes. Seguido de perto pelo Ceará, que tem taxa de 0,77 e o Sergipe , com 0,73. São Paulo tem 0,53 morte para cada 100 mil habitantes.

Já o fumo mata mais no Rio Grande do Sul, com uma taxa de óbitos de 0,36 para cada 100 mil. Seguem o Piauí e o Rio Grande do Norte, ambos com 0,33. Como o álcool e o fumo, juntos mataram 39.198 pessoas nos cinco anos analisados ou 96,2% do total, está indicado onde investir para salvar vidas.

Com as drogas lícitas matando tanta gente, parece-me sem sentido discutir liberação de drogas ainda mais fortes e que causam dependência física. O que precisamos discutir é Educação. E pelo que sei, o Governo Federal ainda não desistiu de cortar o orçamento do Ministério da Educação... Como podemos ser o país que vai pra frente sem aumentar os investimentos em Educação?

Surpreendeu-me notícia divulgada sobre a falta de professor em 32% das escolas estaduais na cidade de São Paulo. Dos 1.072 colégios, 343 têm vagas abertas nas disciplinas de arte, geografia, sociologia e matemática.

Se não bastasse, o Instituto Pró-Livro realizou estudo entre junho e julho de 2011, entrevistando mais de cinco mil pessoas em 315 municípios e descobriu que o brasileiro lê muito pouco, em média, só quatro livros por ano e apenas metade da população ou 88,2 milhões de pessoas pode ser considerada leitora. Que fiquemos com as palavras de Monteiro Lobato para refletir: uma nação se faz com livros e homens!
 

Mario Eugenio Saturno
(mariosaturno.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.



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