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Opinião
Domingo - 07 de Maio de 2017 às 10:34
Por: Jairo Pitolé Sant"Ana

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É duro constatar. Bate uma grande frustração ver um país como o Brasil retornar à condição de uma republiqueta de bananas, onde a violência não é uma excepcionalidade, mas uma constante. É tão presente no cotidiano do brasileiro, que se banalizou. São quase 90 mil mortes violentas (por armas e no trânsito) anualmente ou 246 a cada dia.

A mais recente demonstração da nossa vanguarda do atraso se manifestou no Maranhão, no domingo passado, envolvendo índios e fazendeiros. A lógica do lado mais fraco da corda prevaleceu, deixando 13 índios gamelas feridos, três deles com fraturas expostas, segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário).

A causa é a posse pela terra, reivindicada pelos indígenas. Ironia. Segundo publicado no espanhol El País, a Folha de São Paulo levantou que o atual ministro da Justiça recebeu em 100 audiências com integrantes da Frente Parlamentar Agropecuária, mas jamais com representantes indígenas. Resumo: ao invés do consenso, o dissenso; do acordo, o desacordo. Estimulados pelo que deveria um poder moderador.

Na terça-feira, foi a vez do Rio de Janeiro, onde quase uma dezena de ônibus e dois caminhões foram queimados, saques e barricadas para interromper o trânsito. Seria a resposta a uma operação policial, cujos saldos foram apreensão de 32 fuzis, 45 detidos, dois mortos e o impedimento de uma invasão de área de uma facção por outra uma briga por território.

Algumas semanas atrás foi no distrito de Taquaruçu, no município de Colniza, o maior de Mato Grosso e com área (28 mil km2) superior aos dos estados de Alagoas e Sergipe. No Dia do Índio (19 de abril), nove pessoas foram friamente executadas (algumas degoladas), por um grupo de homens encapuzados, que invadiram os barracos das vítimas, torturando e matando-as. Madeira e ouro explicariam tanto sangue frio.

O ano de 2017 já começou violento. O primeiro dia foi uma macabra amostra do que seriam os restantes 364 dias, com 56 mortes no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus. Seis dias depois, mais 31 em outra penitenciária, desta vez em Roraima. Ainda em meados de janeiro, mais de 30 no presídio de Alcaçuz, em Natal, cuja região metropolitana ainda viveria uma nova chacina em fevereiro, com nove mortos, em Ceará-Mirim.

Por este motivo, o país está tomando um puxão de orelha da ONU (Organização das Nações Unidas) e entrou para a lista de casos que preocupam a entidade. Na segunda, dia 1º, o alto comissário para Direitos Humanos, Zeid Ra"ad Al Hussein, alertou para o que ele chama de escalada da violência, sem uma resposta devida da Justiça.

Será que os devidos brios serão tocados? Gostaria de ser surpreendido

Jairo Pitolé Sant"Ana é jornalista em Cuiabá. E-mail coxipoassessoria@gmail.com



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