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Opinião
Quinta - 10 de Maio de 2012 às 09:59
Por: Onofre Ribeiro

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Na semana passada foi publicada no jornal Diário de Cuiabá uma ampla matéria sobre Campo Grande que, comparada com Cuiabá, dá um show de eficiência urbanística, beleza e de gestão. Muita gente cuiabana se doeu. É pra doer mesmo!!! Mas serviu pra nós criarmos brio e seguir o mesmo ritmo de sucesso de antiga rival de Cuiabá até a divisão do estado de Mato Grosso, a partir de 1979.

Antes de aprofundar, gostaria de colocar umas reflexões. Em 1976, acabando de chegar a Mato Grosso, estive em Campo Grande. Era uma cidade modesta e de pouco charme, ao contrário de Cuiabá que também era modesta, mas tinha o charme de ser a capital do poder político e financeiro, além de tradição. Tinha aquele ar de corte, uma certa nobreza, etc. Mas a riqueza econômica estava em Campo Grande, por conta da pecuária rica do pantanal. Fundada em 1899, Campo Grande sempre teve ares para São Paulo, e Cuiabá para o Rio de Janeiro.

Quando Mato Grosso do Sul separou-se de Mato Grosso, em 1º./1/1979, como capital, Campo Grande teve prefeitos politizados pela saga da luta centenária pela divisão. Cuiabá seguiu sua vidinha normal e a importância da prefeitura foi desde 1979, a de servir de trampolim político para candidatos a governador. Com isso, o tratamento dado a Cuiabá pelos seguidos prefeitos desde aquela data, foi o de clientelismo político com fins eleitorais, sem nenhuma exceção. Nenhum olhar para o futuro. Olharam pra ontem!

Todo mundo está cansado de saber que a linguagem político-eleitoral dura no máximo 4 anos, que é o tempo entre uma eleição e outra. A governador, apenas Dante de Oliveira chegou, em 1995, mas antes e depois dele todos os prefeitos tentaram e fizeram administrações fisiológicas, de olho na próxima eleição. Essa foi a diferença que matou Cuiabá, ao contrário de Campo Grande que realmente cresceu, compreendeu o seu papel de capital de estado. Cuiabá nunca percebeu que é a capital de um estado rico e promissor. Para dar uma ideia: o volume de veículos de luxo concentrados em Cuiabá rivaliza com cidades muito maiores de estados mais ricos.

Mas essa riqueza que hoje está crescendo em pelo menos 8 grandes polos de produção no interior de Mato Grosso, quando se desloca para Cuiabá, na forma de investimentos imobiliários e de negócios, encontra uma cidade embaralhada e conflitada em todos os setores. Pior: sem projeto nenhum!!! A Copa do Mundo pode ser uma possibilidade, ao contrário de Campo Grande que se preparou para eventos futuros depois de ter sido preterida por Cuiabá nessa disputa de cidade-sede. Deu o troco em eficiência e qualidade de vida. Cuiabá continuou atolada em problemas.

Aí, encerro este artigo com uma reflexão. Temos uma cidade inviabilizada neste momento. Temos uma eleição de prefeito neste ano. Aqui cabe uma pergunta inevitável: nesse atoleiro em que está a cidade, não era o caso dos candidatos estarem conversando com a sociedade que tipo de cidade ela quer? Ou será que vamos repetir as velhas aventuras: candidatos lançam na cara da sociedade um discurso de salvador da pátria, escrito por um técnico de aluguel e nós engulimos outra manga podre?

Sem uma longa conversa com a sociedade cuiabana, com a revelação de projetos efetivos para a cidade, sabe quando vou votar pra prefeito? Nunca mais!!!! Não vou me mudar pra Campo Grande porque Cuiabá é a minha cidade. Mas confesso que continuo morrendo de inveja dos campo-grandenses e aceito a provocação que eles nos devolveram em resposta à provocação de 2010 quando dissemos “chupa essa manga Campo Grande”. Agora, “Chupa essa manga, Cuiabá!”



Autor

Onofre Ribeiro
onofreribeiro@onofreribeiro.com.br www.onofreribeiro.com.br

É jornalista em Cuiabá.

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