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Opinião
Quarta - 09 de Maio de 2012 às 08:36
Por: Lourembergue Alves

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“O espírito público” está presente nas ações dos políticos. Este, aliás, é o que cada um deles prega, e diz fazer com dedicação e aplicação. Ainda que a realidade seja bem outra. Pois, mesmo diante de um programa social, sempre há um ganho particular, privado, a exemplo dos “bolsas quaisquer coisas”. Embora, na maioria das vezes, o objetivo seja tão somente o bem pessoal, tal como a mudança que permita a reeleição do presidente da Assembléia Legislativa. 

“Manobra jurídica” já bastante adiantada. Acompanhada de outra, desta feita política, a qual permitirá trocar o substituto imediato do governador do Estado. A equação parece surrealista. Incompreendida para o leitor nada escolarizado, e até o diplomado. Mas de resultado bastante razoável, segundo o autor do e-mail que chegou a esta coluna. Isso porque o deputado José Riva continuaria a presidir o Legislativo estadual, uma vez que tem a “reeleição” garantida; enquanto o Chico Daltro renunciaria do cargo de vice-governador para assumir uma cadeira no TCE. Provavelmente a do Conselheiro Bosaipo, que viria a se aposentar no segundo semestre deste ano. Assim, o presidente da Assembléia tornaria o substituto imediato de Silval Barbosa que, no início de 2014, deixaria o governo para candidatar-se ou a uma cadeira na Câmara Federal ou ao Senado. José Riva, então, trocaria o gabinete da presidência do Parlamento pela poltrona central do Palácio Paiaguás, sem que a “Ficha Limpa” o impeça. 

Aritmética bastante sugestiva. Merecedora de reflexão. Principalmente dos analistas. Ainda que uma parte destes venha a considerá-la um tanto imaginativa, ilusória por demais. Mas não se pode deixar de reconhecer que os políticos tendem a ser criativos, em especial na defesa de seus interesses. Além do mais, as jogadas no tablado de xadrez da política quase nunca resultam de cálculos matemáticos. Suas convenções estão longe de resultados exatos. Daí a necessidade de analisar melhor as hipóteses, ainda que estas sejam frutos de “manobras jurídicas”, acompanhadas de lances políticos. 

O triste de tudo, entretanto, é perceber que o fim do tão falado espírito público – cantado e decantado em prosa e verso por políticos das mais variadas bandeiras partidárias. 

Uma vez mais, sobrepõem os interesses individuais, particulares. Inexiste, aqui, novidade alguma. Isso fica bastante claro nos vários pedidos de licenças de parlamentares. Feitos apenas para a acomodação de parceiros, apadrinhados. 

Diante disso, seria ingenuidade taxar de invencionice a divulgação da “manobra jurídica” que permita a reeleição do presidente da Assembléia Legislativa. Escabrosa, ou algo que o valha, certamente sim. Porém, invencionice jamais. Tampouco se pode advogar a tal “manobra” com igual argumento que se defendeu, no Congresso Nacional, a recandidatura de prefeitos, governadores e presidente da República. Ainda que existam negociatas, toma lá, dá cá, e todo um processo de trocas, o qual tenha como único fim ganhos pessoais. Nada mais!        


Lourembergue Alves é professor universitária e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br


Autor

Lourembergue Alves

LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e articulista

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