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Opinião
Sexta - 25 de Agosto de 2017 às 07:36
Por: Alexsandro Nascimento

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Há uma máxima no futebol que diz: “Em time que está ganhando, não se mexe!” Talvez esta mesma lógica é muitas vezes equivocadamente adotada por vários profissionais em suas carreiras, ou seja, estou numa organização/empresa que é destaque em sua área de atuação, tenho um bom salário, sou reconhecido em minha profissão e tenho bons relacionamentos, por que mudar? Por que trocar o certo pelo duvidoso?

E o que podemos dizer então de Neymar, que há pouco estava em um dos maiores times do mundo, com um salário acima da média até mesmo para os melhores profissionais da sua área, com um bom reconhecimento do seu trabalho e ainda com várias amizades no clube? Se você estivesse no lugar dele, mudaria? Ainda mais para uma empresa de expressão menor? E o caso do Paris Saint Germain, time grande na França, mas, com bem menos expressão internacional do que o Barcelona.

Será que Neymar errou? Estava insatisfeito ou com problemas que muitos não sabiam? Será que foi por causa de dinheiro.

Nenhuma das alternativas anteriores. Acompanhamos não apenas a maior transferência do ponto de vista financeiro de um jogador de futebol da história, mas, sim, o maior acerto de todos os tempos de um jogador em sua carreira na história do futebol mundial.

Para entendermos o tamanho do acerto que Neymar, fica mais fácil à luz do modelo dos 3 “R’s” da motivação profissional. Este modelo se baseia em outros estudos realizados por especialistas, bem como, na experiência profissional do autor.

O primeiro R é o da Razão. Adaptado do círculo dourado de Simon Sinek, a razão é o “motivo”, “porque” cada um de nós faz o seu trabalho. E isto, não é fácil descobrir e validar, como o próprio estudo de Sinek apresenta, boa parte dos profissionais não tem clareza exata do “porque” fazem o seu trabalho, o que os inspira. Geralmente os que se destacam, tem!

Fica claro no caso de Neymar que é um profissional movido a desafios e, o projeto apresentado a ele pelo novo clube, é talvez um dos maiores desafios de sua carreira. O que poderia “paralisar” muitos, foi justamente um dos principais combustíveis para a decisão dele, pois tem clareza de que é um profissional movido a desafios (sua razão, seu porque) e precisa de grandes desafios para “performar” em alto nível, como se espera dele e como ele mesmo se cobra;

O segundo R é o do Reconhecimento. Conforme Mário Sergio Cortella, o reconhecimento é um dos principais fatores que influencia na motivação dos profissionais. Ninguém questiona se o Neymar era reconhecido no Barcelona, mas o fato a ser analisado é se o reconhecimento que ele tinha era suficiente para ele, ou mesmo, se era o que ele esperava depois dos anos e resultados obtidos. Ainda segundo Cortella, não é apenas a questão de promover elogio pelo elogio e, sim, reconhecer o profissional na medida adequada para que ele tenha a energia para continuar a atuar em alta performance e, esta é a realidade de profissionais do nível de Neymar, sempre obtendo resultados diferenciados;

O terceiro R é o do Relacionamento, e para verificarmos este, podemos levar em conta o estudo que tem como responsável Robert Waldinger professor da Harvard Medical School, o qual ao longo de 75 anos acompanhando a vida de 724 homens ano após ano e, tentando entender o que mais os fazem felizes, identificou que o principal causador da felicidade era: bons relacionamentos. Sejam eles, no ambiente de trabalho, amigos ou família. Ter e manter bons relacionamentos está entre as principais causas de felicidade das pessoas.

É claro que Neymar não tinha um ambiente ruim ou hostil no Barcelona, longe disto, mas, por outro lado, também terá um excelente ambiente do ponto de vista de relacionamentos, com pessoas que já conhece, tem empatia e por isto gosta e, convive antes mesmo de chegar ao clube, o que no mínimo é um agente facilitador para a decisão e impulsionador para o sucesso no médio e longo prazo.

Neymar é uma pessoa e profissional muito acima da média, até mesmo pela maturidade que precisou ganhar numa velocidade muito grande, pode-se chegar à conclusão de que cercado de profissionais como ele é, uma decisão como esta de carreira é mais fácil, porém, no caso de Neymar ele chegou a contrariar a opinião do pai, responsável por sua carreira e, este é um exemplo de que ele realmente é uma pessoa e profissional muito acima da média dos excelentes jogadores.

Ele mostrou ao mundo nesta decisão de mudança na carreira o seu mais belo gol até o momento e, que em time que está ganhando e bem, pode-se sim mexer para melhorar ainda mais.

Alexsandro Nascimento é mestre em Administração de Empresas pela FGV-EAESP, especializado em Administração Pública e de Empresas (FGV-Ebape) e graduado em Ciência da Computação pela Universidade Santa Cecília (Unisanta)



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