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Opinião
Sexta - 19 de Janeiro de 2018 às 16:06
Por: José de Paiva Netto

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Dentre tantos casos que ilustram a necessidade de o espírito solidário reger a economia
nas civilizações, é oportuno ressaltar o brilhante trabalho da dra. Elinor Ostrom (1933-
2012), única mulher até hoje a receber o Prêmio Nobel de Economia. Ela e Oliver
Williamson foram laureados em 2009, ambos por pesquisas na área de governança
econômica.
A saudosa professora da Universidade de Indiana, EUA, teve de vencer os
preconceitos acadêmicos contra a mulher para se graduar em Ciência Política. De origem
humilde, interessou-se por estudar a organização de comunidades e a gestão que fazem dos
recursos comuns, a exemplo das áreas florestais e de pesca. Ela acreditava que as pessoas,
por si sós, alcançariam formas racionais de sobreviver e de conviver bem. Seria possível
estabelecer laços de confiança entre os indivíduos e desenvolver regras, respeitando as
particularidades dos sistemas ecológicos, a fim de que houvesse cuidado e proveito
coletivos dos bens disponíveis. Isso foi de encontro à teoria econômica em vigor, chamada
“tragédia dos comuns”, baseada numa visão de que o ser humano, agindo apenas de forma
egoísta, levaria à ruína os recursos naturais.
E as extensas pesquisas de campo que ela realizou nas florestas do Nepal, nos sistemas
de irrigação da Espanha, nas vilas montanhosas da Suíça e do Japão, nas áreas de pesca da
Indonésia, entre outros locais, confirmaram sua hipótese de que é possível haver
convivência harmoniosa e uso responsável das condições que a Natureza oferece. Verificou-
se que não se poderiam reduzir as pessoas à ganância de tão somente buscar o máximo de
ganhos individuais. Porquanto, deve-se compreender que a vida é composta de propósitos
mais amplos e que a ajuda mútua se apresenta como item de necessidade básica da Alma
humana. Em artigo científico, de junho de 2010 1 , a dra. Ostrom concluiu: “Por quase todo o
século passado, analistas de políticas públicas têm postulado que o grande objetivo dos
governos é projetar instituições para forçar (ou empurrar) indivíduos completamente
egoístas a alcançar melhores resultados. Extensa pesquisa empírica me leva a argumentar
que, pelo contrário, o principal objetivo das políticas públicas deve ser facilitar o
desenvolvimento de instituições que despertem o que há de melhor nos seres humanos.
Precisamos nos perguntar como instituições policêntricas variadas ajudam ou impedem
inovação, aprendizado, adaptação, integridade de caráter, níveis de cooperação dos
participantes, bem como a conquista de resultados mais efetivos, equitativos e sustentáveis,
em escalas múltiplas”. (O destaque é nosso.)
Nada melhor do que acreditar e investir no potencial divino dos indivíduos.
Não nos cansamos de afirmar: nascemos na Terra para viver em sociedade,
Sociedade Solidária Altruística Ecumênica; portanto, fraternalmente sustentável.



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