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Opinião
Sexta - 12 de Outubro de 2018 às 17:08
Por: Dulce Figueiredo

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Desde a década de 1970, a atenção às questões psicológicas vêm se intensificando no Brasil e no mundo. Atualmente, estudos apontam para a conexão entre o câncer de mama e a identidade feminina, não só do ponto de vista pessoal, como no contexto do sistema familiar.

Afinal, existem conflitos emocionais que desencadeiam o câncer? Na verdade, estudos recentes mostram que a origem da doença é multifatorial, ou seja, inúmeros fatores combinados podem explicá-la. Eu proponho aqui a uma reflexão acerca de um deles, referente à minha área de atuação.

O conflito emocional representa um ‘nó interior’ que a pessoa precisa resolver, já que essa confusão produz um bloqueio inicialmente invisível, mas que ao longo de um período de tempo passa a ser visível nos relacionamentos interpessoais e também no corpo, a partir de doenças.

Após o diagnóstico do câncer de mama, o acompanhamento psicológico se torna fundamental. Nesse momento, os parentes próximos e amigos, além de não terem conhecimento suficiente da evolução e tratamento, ficam bastante impactados e muitas vezes amedrontados, o que pode não ajudar.

Uma vez na psicoterapia, a mulher pode expor livremente suas angústias, medos e incertezas frente ao câncer e também à cada etapa do tratamento. Nesse momento tem a oportunidade de buscar e solucionar conflitos emocionais, que antes estavam encobertos, inconscientes e que podem atrapalhar a evolução para a cura.

É importante compreender que o tratamento do câncer é sistêmico, isto é, possui várias técnicas e procedimentos. Na psicoterapia, trabalha-se, por exemplo, com os lutos ao longo do próprio tratamento gerado pelas limitações, mudanças de aparência física, oscilações de humor, perda temporária de autoestima, entre outros conflitos.

O leque de possibilidades para o tratamento psicoterápico neste caso é muito grande hoje, com uso de técnicas que vão além da escuta ativa. Pode-se utilizar hipnose, EMD, técnicas de visualização, terapia sistêmica familiar, entre outras. Associadas ou não, elas trazem uma gama de possibilidades de abordar as demandas de formas diferentes.

A psicoterapia mostra-se eficaz como coadjuvante no tratamento do câncer de mama porque é um tipo de doença que afeta o feminino, que é se sentir mulher, ter um corpo feminino, ter seios, ser sensual, capaz de despertar prazer e envolver-se em uma relação sexual. Também diz respeito ao sentimento em relação à maternidade (a própria ou a da mãe).

Segundo os estudos do cientista Moorey, de 25% a 35% das mulheres com câncer de mama desenvolvem ansiedade e/ou depressão em algum estágio do tratamento, o que pode piorar o quadro. Diante disso, é importante refletir sobre a importância da intervenção psicológica durante diagnóstico e tratamento do câncer de mama.

Nem todas as pessoas se sentem prontas para olhar para suas questões e conflitos emocionais. Mas adotar uma postura proativa diante deste acontecimento, ainda que ele seja temido por grande parte de nós, pode resultar em um processo muito mais rápido no restabelecimento da paciente e também da própria família. Ter um profissional auxiliando a enfrentar esse momento é fundamental.

No Outubro Rosa, espero ter plantado uma semente a respeito do tema. Outro alerta importante: essa é uma doença que pode afetar a todas nós, em qualquer fase da vida. Inclusive há cada vez mais mulheres jovens com câncer de mama. Mais que refletir, priorize os cuidados consigo mesma e com a sua saúde!

Dulce Figueiredo, psicóloga com 24 anos de experiência e pedagoga pela UFRJ, especialização em terapia de família sistêmica, MBA Gestão de Recursos Humanos, @psicologadulcefigueiredo, dulcefig@gmail.com



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