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Opinião
Sexta - 01 de Novembro de 2013 às 21:38
Por: Nestor Fernandes Fidelis

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Para muitas pessoas, a morte é o fim de tudo; para outras tantas, é um castigo. Há aqueles que pensam ser a morte um mistério que não deve ser desvendado, tampouco comentado, para não atraí-la, visto terem verdadeiro pavor da sua chegada. Mas cresce o número de pessoas que veem a morte como a falência dos órgãos físicos vitais, propiciando a liberdade ao Espírito que naquele corpo, até então, habitava.

O medo da morte decorre da falta de informação e, sobretudo, da deseducação no tocante a este fenômeno natural, pois desde a infância as pessoas são levadas as pensar que há um céu e um inferno, sendo que para este irão as pessoas que erram. Ora, se levarmos em conta que todos nos equivocamos, estaríamos todos inevitavelmente condenados a sofrermos eternamente após a morte do corpo que nos é emprestado por Deus para evoluirmos. Isso também explica a preferência pela adoção de uma lógica materialista por aqueles que, racionalmente, não podem conceber tal absurdo. Logo, as ciências espiritualistas e a Doutrina Espírita, por excelência, tem o papel de demonstrar a realidade da vida, ou seja, que o contrário de vida não é morte, mas sim nascimento, tendo-se em vista que estando no corpo físico, ou fora dele, a pessoa continua vivendo, aprendendo, planejando, arrependendo-se, reparando, tendo oportunidades de progredir pelo desenvolvimento do amor e das demais virtudes.

Por outro lado, também existem aquelas pessoas que não são intencionalmente espiritualistas, mas que assumem uma conduta moral elevada a ponto de, para elas, a morte não lhes afigurar como algo aterrador, pois tem paz na consciência.

 

 

"Nós, na verdade, perdemos telefones, chaves, carteiras, etc., jamais seres humanos"
 

Dizem, alguns, que nós, os espíritas, somos pessoas frias, porquanto o fato de estudarmos os eventos relacionados à vida corpórea e, também, à vida no mundo espiritual, nos tiraria a sensibilidade e a dor da “perda” de um ser amado. Porém, impende reconhecer que ninguém perde ninguém, pois somente é possível perder algo de que se é possuidor, ao passo que pessoas não são coisas, logo, não podem ser adquiridas, perdidas ou de outra forma alienadas. Nós, na verdade, perdemos telefones, chaves, carteiras, etc., jamais seres humanos.

Ora, sendo espírita ou não, toda pessoa que desenvolveu um mínimo de sentimento, deixando de viver tão somente na fase dos instintos e das sensações, sentirá a dor do afastamento, da separação, conquanto tenha ciência de que se trate de um “até breve”. Ademais, a psicologia explica a importância de viver o momento do luto, jamais buscando camufla-lo sob uma hipotética superioridade que, consequentemente, agravaria mais a dor que é necessária ser vivenciada, para o nosso crescimento, desde que não venhamos a cair em exageros que se transformam em verdadeiras obsessões de quem ficou em relação a quem partiu, dificultando a recuperação e adaptação deste no mundo dos espíritos.

Aliás, quantas vezes já ouvimos alguém dizer: “o que vai ser de mim sem ele?”, demonstrando que está, egoisticamente, se ocupando somente consigo mesmo, olvidando que o outro ser continua a viver e sentir, tornando-se carente das orações de seus entes amados. Infelizmente, somos mal educados para o exercício do amor, sendo preparados apenas para o apego, razão pela qual, não raro, queremos reter a pessoa conosco, mesmo percebendo que a morte natural (jamais a eutanásia) se lhe afigure como um justo e providencial momento de liberdade e renovação.

Deus é Pai e Justo, não age por capricho e nada ocorre sem que haja um fim inteligente, uma razão lógica-amorosa. Logo, em muitas ocasiões se abrevia o retorno à pátria espiritual para evitar que desregramentos viciosos maculem mais gravemente a consciência e o histórico do ser enquanto está na vida carnal; circunstâncias estas em que a morte do corpo se apresenta como “um santo remédio”.

A ideia exarada por Confúcio de que “ninguém toca uma pétala de rosa sem que neste momento deixe de se comunicar com as estrelas” nos traz uma noção da perene ligação existente no Universo, principalmente quanto à união indissolúvel entre seres que se amam, ainda que um deles (ou ambos) já não esteja mais vivendo como espírito encarnado. E podemos, sim, nos comunicar como aqueles que nos precederam na viagem ao mundo espiritual, sobretudo pela oração que renova as esperanças.

Na data em que costumeiramente são homenageados nossos irmãos que vivem no além túmulo (que não são finados, pois não há um fim fatal), insta considerar que eles realmente tem maior facilidade para permutarem seus sentimentos conosco, eis que existe verdadeira sintonia fina provocada pela lembrança e, quiçá, pelas preces, valendo trazer o pensamento de Sanson, na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Escutai as pulsações do vosso coração a chamar esses entes bem-amados e, se pedirdes a Deus que os abençoe, em vós sentireis fortes consolações, dessas que secam as lágrimas; sentireis aspirações grandiosas que vos mostrarão o porvir que o soberano Senhor prometeu”.

NESTOR FERNANDES FIDELIS é Diretor da Federação Espírita do Estado de Mato Grosso.



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