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Opinião
Quarta - 30 de Janeiro de 2019 às 17:15
Por: Gonçalo Barros de Antunes Neto

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Para Santo Agostinho, o mal não é substância, é um não-ser (visão ontológica-metafísica do problema do mal). Em assim sendo, como seria possível buscar um antídoto para o mal, para a não-substância, para o nada?

O pensador de Hipona, por considerar o mal um vazio, não aceita a ideia de antídoto a combatê-lo. Nem atenção mereceria (ideia central em Ivan de Oliveira Silva). O mal é simplesmente o distanciamento do bem.

O homem decaído somente encontrará o caminho do bem pela ajuda do Sumo Bem, do Supremo Criador, pois, não tem condições para se auto socorrer da corrupção da vontade (Agostinho).

Um humano impregnado pelo mal, quando apanhado em perversas atitudes, pode já ter causado estragos irreversíveis no bom funcionamento de grupos e instituições

O mal moral, que transcende ao universo circundante, pode se aproximar do bem e, assim, desfazer-se? Também, não. Como poderia um nada se aproximar de algo, de um ser, já que a existência do bem é garantida?

Como se poderia destruir o mal, independentemente do bem? O mal é somente parâmetro, do que não é sensato e aceito em axiologia. O bem é, e não se torna. O mal, por não existir, esquecê-lo seria como manter a moral pura.

Como para Agostinho o homem é dotado de razão, e a lei desta está escrito na mente humana, o mal moral (por ser uma questão afeta à razão) somente se combate pelo auxílio da graça, dádiva divina, portanto.

Mas, e os ateus? Afastando-se do auxílio divino, que entendem prescindível, como podem apropriar-se do bem moral? E conhecemos um bocado deles com comportamento moral bem acima de inveterados religiosos, frequentadores de seletas rodas sociais.

A razão lhes foi por graça, diriam. Contudo, e a fé, não o seria, também? Renunciando à fé, possível também a renúncia de qualquer auxílio divino. Ou não?

Penso que o mal existe, é substância. E a energia que dele exala sufoca a todos. Um humano impregnado pelo mal, quando apanhado em perversas atitudes, pode já ter causado estragos irreversíveis no bom funcionamento de grupos e instituições.

Por aqui, por aí e por lá, pode-se constatar barreiras nefastas em que o mal engendrou para apequenar e dissimular o bem. Todo cuidado é pouco, em especial com os aduladores e loucos por poder; a retórica com que lhes vale é a mesma do covil dos subservientes à insanidade.

Não há banho de pétalas que deles subtraia a podridão de seus hálitos e suspiros, e nem a protegê-los da desonra. São como cães a ladrar por carruagens de bajuladores e tapetes manchados de injustiças.

Ironicamente, que de retro, corram, da intrepidez moral dos honestos e sinceros. O mal (e o mau deles) nunca será maior que o bem e a justiça.

É por aí...

GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO é juiz em Cuiabá.



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