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Opinião
Domingo - 31 de Março de 2019 às 10:37
Por: Renato de Paiva Pereira

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Incluo o Presidente Bolsonaro no pedestal dos heróis brasileiros pela extraordinária façanha de ter derrotado o candidato Haddad, junto com Lula, Dilma e Gleisi nas últimas eleições.

Dito isto, sugiro a concessão ao nosso combativo Capitão do certificado de “honorável benfeitor da pátria”, título que lhe daria o direito de passar os restantes três anos e nove meses de governo pescando tucunarés nas lagoas brasileiras, desde que, claro, se comprometa a respeitar a leis ambientais para não tomar outra multa do IBAMA.

Entre uma fisgada e outra, nosso mito postaria selfies com os peixes capturados e as enviaria aos seus seguidores apaixonados. Somente iria a Brasília duas vezes por semana para assinar os papeis necessários e participar dos compromissos formais do governo, cuidando de ler somente os discursos escritos pelos assessores. O chefe do cerimonial, autorizado antecipadamente, desligaria o microfone sempre que ele insistisse em falar de improviso ou dar entrevistas ao vivo, acionando imediatamente um dos generais para fazer a dublagem.

Essa história de nova política, embora com outro nome, já tentou prosperar no Brasil: o excêntrico Jânio Quadros achava que o apoio popular era suficiente

Essas medidas – deixar de manifestar-se politicamente nas redes sociais, abster-se das falas de improviso e de entrevistas ao vivo - fariam a bolsa chegar a 120 mil pontos, o dólar cair para a casa dos R$ 3,70 e PIB iniciar a subida para fechar com 3,5% de alta até o final deste ano.

Brincadeiras à parte, não há como negar que o intempestivo Presidente, seus inconsequentes filhos, o grosseiro astrólogo Olavo de Carvalho e alguns ministros nomeados por esse mesmo guru estão fazendo um estrago gigantesco no governo, criando picuinhas e brigas totalmente evitáveis com o Congresso em nome da tal “nova política”.

Essa história de nova política, embora com outro nome, já tentou prosperar no Brasil: o excêntrico Jânio Quadros achava que o apoio popular era suficiente para escantear os deputados e governar sem oposição. Quando entendeu que a ideia era furada já era tarde demais.

No mundo inteiro os partidos que apoiam governos democráticos querem participar dele indicando quadros para os cargos públicos, expediente que por si só não deve ser chamado de desonesto. Dizendo que a troca de favores não existe mais no Brasil o Presidente despreza apoios legítimos em nome de pretensa moralidade. Ele deveria saber que sem afagos aos parlamentares não há votos; sem votos a reforma previdenciária desmorona; sem a reforma a recuperação econômica não acontece e o governo acaba.

Mas o presidente não dá sinais de entender a necessidade da aproximação com o Congresso, ou de repente tem algum problema cognitivo, porque nesta semana remexeu na ferida do Rodrigo Maia aberta pelo zero-2 que zombou do parlamentar, citando a prisão do seu sogro Moreira Franco.

Esquecendo-se deste fato tão recente e da tempestade política que causou, Bolsonaro repetiu a descortesia com o deputado em entrevista na TV Bandeirantes. Como esperado Maia reagiu e redobraram as apostas do mercado no insucesso da reforma da previdência e no fracasso do governo.

Não quero tirar o sono dos inimigos do PT, mas se o STF liberar o Lula da prisão – suposição não descartável – ele por certo viajará pelo Brasil potencializando essas confusões do Presidente. É bom lembrarmos de que o petista, mesmo da cadeia, conseguiu 45% dos votos válidos para seu poste Haddad na eleição passada.

RENATO DE PAIVA PEREIRA é empresário e escritor



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