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Opinião
Segunda - 05 de Março de 2012 às 10:24
Por: Dirceu Cardoso Gonçalves

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            Discute-se a globalização como algo moderno, até decorrência da internet. Mas uma análise mais profunda do tema pode transformá-lo numa das ações mais antigas do mundo, coincidente com o tempo em que os povos começaram a atravessar os continentes à pé e o oceano em rudimentares embarcações. A corrida de espanhóis e portugueses pelo domínio das terras mais distantes do planeta – inclusive Brasil e América Latina – foi um formidável ato de globalização. Dentro da realidade da época, evidentemente.

            Para o Brasil, podemos entender como primeiro grande momento de globalização, a abertura dos portos (às nações amigas) decretada por d. João VI, em janeiro de 1808. A própria Independência (1822) nos globalizou, pois deu autonomia ao país e nos tornou devedores à Inglaterra, que pagou a conta. Nos tempos mais memoriais, pode-se considerar como globalização a instalação da siderurgia, promovida por Getúlio Vargas em 1942; a indústria automobilística, por Juscelino, em 1956/7 e, sem dúvida, a abertura da economia promovida por Fernando Collor (1990). Essas pedras de toque fizeram o Brasil de hoje e deram elementos para as ações, decisões e políticas intermediárias, parte acertadas, parte desastradas.

            Todo esse conjunto de ações e acontecimentos nos legaram o Brasil de economia pujante (a sexta do mundo), mas de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) sofrível. Somos o 84º entre os 187 países pesquisados, ficando atrás de vizinhos latino-americanos como Argentina, Chile, Uruguai, Cuba, Panamá e outros. Isso demonstra que o grande desafio está em fazer a grande renda da economia brasileira tornar melhor a vida do povo. É uma enorme dívida social que, não resolvida, ainda pode levar ao caos concreto da guerra civil declarada.

            Na sociedade tecnológica com que hoje convivemos, falta qualificação para o indivíduo alcançar o seu lugar no mercado de trabalho. A educação é deficiente e ainda não dá sinais de recuperação. A saúde pública é caótica, a segurança é insuficiente e o discurso dos governos fala que vivemos um momento maravilhoso. Paralelamente, chegam ao povo noticias de sucessivos atos de corrupção onde os autores ficam impunes ou se valem de uma infindável gama de recursos protelatórios. Sem dúvida, o barril de pólvora existe. A grande tarefa é evitar sua detonação e, quando for possível, promover o seu desmonte.

            O país do futuro que todos sempre sonhamos está, ao mesmo tempo, perto e distante. A grande tarefa de hoje é fazer com que as riquezas aqui produzidas sejam empregadas na vida sustentável da população. Para isso os governos e a sociedade têm de eliminar todos os focos de corrupção e maus exemplos e punir rigorosamente os seus autores. O instituto da Ficha Limpa é um grande começo. Espera-se que os errantes sejam efetivamente punidos e jamais tenham como se beneficiar do vergonhoso “jeitinho brasileiro”...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

aspomilpm@terra.com.br



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