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Opinião
Sexta - 17 de Maio de 2019 às 09:27
Por: Eustáquio Rodrigues Filho

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O Governo Federal recebeu um ‘bilete’ do Governo de Mato Grosso onde este afirmava que o estado estava em calamidade financeira e solicitava determinadas excepcionalidades em relação a trâmites orçamentário e financeiro. Deve ter sido um ‘bilete’ mais ou menos assim: “O estadu di Matogrosso não consegui pagá as conta. Solicitamu permição pra emprestá din din do estranjero e dá calote em quem não é amigo du rei. É verdade esse bilete”.

Logicamente, quando a União analisou o ‘bilete’ e as contas apresentadas entendeu que aquilo não poderia ser sério e que o estado não estava em crise coisa nenhuma. Enxergou muito mais um problema de gestão de recursos que propriamente falta de recursos. Deve ter enviado para o Governo de Mato Grosso um bilhete mais ou menos assim: “Estado de Mato Grosso, seu pedido foi indeferido. Para solucionar seu problema procure a Dona Jucicleide, moradora ali da Praça da Mandioca em Cuiabá. Ela é dona de casa e ensinará a vossas excelências como gerir recursos de forma eficiente. Informamos que já fizemos uma consulta antecipada a ela perguntando se ela poderia ajudar. Eis que ela respondeu: ‘Senhores do STN, não entendo muito bem de orçamento público, mas criei 10 filhos recebendo apenas o BPC. Hoje todos eles terminaram faculdade, exceto o mais novo, o Maikon Rickson, que faz parte da tal geração X, que não tem vergonha na cara e até hoje, com 40 anos, vive às minhas custas e dorme o dia inteiro. Consegui comprar minha casa própria aqui na Praça da Mandioca e até abri meu próprio negócio, um botequim com mesas e cadeiras na calçada oferecendo cerveja gelada - é o FRAIDEI. Se consegui Tudo isso apenas recebendo o BPC, acho que conseguirei dar umas boas dicas para administrarem uma receita de bilhões de reais. Primeiramente, tenho que falar que não poderão continuar com as roubalheiras, mamatas e privilégios, nem com o desperdício de dinheiro com o que não é importante e nem é prioritário. Por exemplo: o meu terceiro filho, o Jhonny Jackson, um dia, quis contratar uma pessoa apenas para numerar as páginas da monografia dele. Quer exemplo melhor de desperdício? É esse tanto de Aspone puxa saco que nada fazem. Dei-lhe uma no pé da orelha dele. Então, penso eu, se está faltando dinheiro, porque os deputados da Assembleia insistem em aumentar o próprio orçamento, aumentar a tal da VI, a verba de gabinete e ter 5 Amaroks à disposição? Tudo bem que são poderes diferentes, mas o dinheiro sai de um bolso só: o do contribuinte. Teve outro dia também, que minha sétima filha, a Greice Kelly, queria comprar um sapato de formatura de R$ 500,00. Levou uma no pé da orelha também. Mandei ela ir ao calçadão da Ricardo Franco pra comprar uma rasteirinha de 29,99, afinal no fim da festa todo mundo toma gelo e cuba libre e vai pra pista dançar whisky a go go descalço. Mesma coisa essa farra de incentivos fiscais: pra que incentivar quem já está há dez anos bem estabelecido no mercado e tendo lucros exorbitantes? Pelo visto não falta dinheiro não nesse nosso estado. Ah, nem te conto. Meu penúltimo filho, o Lineker Robert, um dia pediu aumento de mesada. Ganhava 10 reais e queria ganhar 50. Ganhou um aumento de 1 real e uma no pé da orelha também. Tá pensando que sou trouxa? E esse estado não está em crise não, com o Ministério Público exigindo aumento, Defensoria Pública pedindo aumento, e todos eles recebendo aumento. Que crise é essa? E teve um dia que uma excelente funcionária do bar teve que ir embora porque recebeu uma proposta melhor. Eu perguntei: tem certeza Rosiclea? Ela disse que sim. E meu marido disse que eu teria que contratar duas moças pra fazer o trabalho que a Rosiclea fazia sozinha. Eu respondi: e eu lá sou o Governo de Mato Grosso que exonera 500 comissionados e contrata 1.500 comissionados de volta? Até meu marido levou uma no pé da orelha também. Mas a filha que mais deu trabalho foi a Jennifer Steyce. Essa era mala. Foi a primeira a tirar carteira de motorista (de verdade viu, não foi comprada na máfia do Detran, não) e andava o dia inteiro pra cima e pra baixo. Parecia a galinha do pé queimado. Era um gasto de combustível impressionante. Até que descobri que ela pedia 100 reais pra por combustível, colocava apenas 40 reais e gastava os outros 60. Disse que tinha aprendido esse esquema quando estagiou no serviço público, afinal todo mundo fazia isso. Quando descobri isso, dei-lhe uma surra com vara de marmelo, uma no pé da orelha, disse que ela não era todo mundo e ficou 5 anos sem pegar no carro, a bem do serviço público aqui de casa. Palhaça. Eu também tinha um filho, o quinto, chamado Marllon Brandonn. Desde pequeno deram a ele o apelido de Executivo, pois diziam que ele era sempre injustiçado e preterido em casa. Isso é fuxico das minhas vizinhas alcoviteiras, pois sempre tratei todos os meus filhos de forma igual. Uns mais iguais que os outros. Mas pode deixar STN, vou ensinar esse governo a fazer economia - e não é aquela economia ridícula de cortar o cafezinho, não dar mais copinho plástico ou acabar com o sabonete e papel do banheiro -, mas economia de verdade. Vou ensinar como se dirige empresa privada e empresa pública, já que pelo visto não sabem gerir nenhuma das duas. E vai ser serviço voluntário, sem cobrar nada. Vai ser consultoria de graça, e não essas consultorias que o estado contrata por milhões de reais e entregam apenas pilhas de papéis cheias de “copia e cola”.`

Portanto, Estado de Mato Grosso, diante da negativa por parte deste Tesouro Nacional em aceitar a Declaração de Calamidade Financeira, informo a Vossas Excelências que procurem a Dona Jucicleide que, embora não tenha nenhuma graduação em uma faculdade de renome, é muito melhor na gestão financeira que muitos governadores e secretários que já passaram e ainda estão por aí. De mais a mais, além de ser uma ótima gestora de recursos, garanto que ela tem uma qualidade que está em extrema escassez por essas terras: ela é honesta.

Eustáquio Rodrigues Filho – Cristão, Servidor Público e Escritor. Autor do livro “Um instante para sempre”. Instagram: @eustaquiojrf.



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