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Opinião
Segunda - 03 de Junho de 2019 às 07:44
Por: Onofre Ribeiro

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Foi em 1976 que o deputado federal Vicente Vuolo, ainda parlamentar pelo Estado inteiro, iniciou o projeto de uma ferrovia ligando Santa Fé do Sul em São Paulo até Santarém, com ramal até Vilhena. Conseguiu colocar o projeto dentro do Plano Nacional de Viação, no governo Geisel (1975-1979). Mas não andou. A velha burocracia federal e a falta de recursos que naquele tempo assolava o país.

Tudo emperrou na grande ponte rodoferroviária sobre o rio Paraná, que liga Rubinéia (SP) até Aparecida do Taboado(MS) demorou muito pra ser concluída. Por detrás do projeto de Vuolo estava o então megaprodutor de soja Olacyr de Moraes. Olacyr tinha imensas propriedades e introduzia a cultura da soja em Mato Grosso do Sul e em Mato Grosso. Aqui, na região da atual Campo Novo do Parecis. Naquele tempo a região não era habitada senão pela Fazenda Itamarati Norte, de Olacyr.

Não faz mais sentido a ferrovia entrar em Cuiabá. Seria um enorme transtorno para a cidade. Mas cabe um terminal a uma distância média de 30 km

Vítima de sucessivos planos econômicos do governo federal, o Grupo Itamarati quebrou e a concessão da ferrovia passou para o grupo privado Ferronorte. Também não andou. A empresa devolveu ao governo federal a concessão de 30 anos até Santarém e a Vilhena e ficou com os trechos dali a São Paulo. Finalmente no fim da década de 1970 a ferrovia chegou a Alto Taquary, em Mato Grosso e em 2002 a Alto Araguaia, onde empacou.

Já sob novo dono, a América Latina Logística-ALL, chegou a Itiquira e a Rondonópolis, onde empacou de vez. Hoje a ferrovia está nas mãos da Rumos, e está parada em Rondonópolis. A Rumos não demonstra qualquer interesse de ir além. Prefere cuidar de São Paulo onde tem que renovar a concessão e investir muito na duplicação da rede e na conservação das linhas atuais. Na proposta inicial do deputado federal e mais tarde senador Vicente Vuolo pretendia que a ferrovia passasse pelo recente Distrito Industrial de Cuiabá. Não havia ainda a produção de grãos atual na casa dos 60 milhões de toneladas. Não faz mais sentido a ferrovia entrar em Cuiabá. Seria um enorme transtorno para a cidade. Mas cabe um terminal a uma distância média de 30 km.

Ocorre que nenhum dos projetos de ferrovia hoje existentes contempla Cuiabá. Ou morrem em Rondonópolis, ou saem de Sorriso na direção de Santarém. No Médio-Norte outra ferrovia liga Lucas do Rio Verde até Água Boa e à Norte Sul em Goiás.

Este artigo foi apenas um resgate histórico pra alimentar a discussão. No próximo, a discussão da importância da ferrovia passar ou não por Cuiabá.

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Cuiabá.



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