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Opinião
Segunda - 06 de Fevereiro de 2012 às 14:58
Por: Lourembergue Alves

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Os parlamentares retornaram ao trabalho. Justamente em uma quinta-feira. Bastante sugestivo. Talvez, por isso, protocolar. O que não invalida as mais variadas leituras da dita sessão de reabertura. Muitas delas já foram publicadas e divulgadas pelos meios de comunicação. Ainda, porém, não suficientes. Até porque os discursos em plenário devem ser tomados tanto pelo que dizem como pelo que não dizem. Pois são motivados por um desejo e uma necessidade. Ambas com o fim de influenciar. Este é o ponto de toda discussão. Ainda que seja regional. 
 
Neste âmbito, vale à pena recordar as palavras do presidente da Assembléia Legislativa e do governador mato-grossense. O primeiro, por exemplo, cobrou recursos da União, oriundos das emendas federais. O segundo lhe fez coro, ao mesmo tempo em que elogiava a sua própria administração, com ênfase nas obras já realizadas e nas ações em curso, sem perder de vista a promessa de resgatar os “compromissos assumidos nas eleições de 2010”. “Apesar da crise”, a qual está longe de ter sido causada pela “superestimação do crescimento econômico do ano de 2011” e, por conta disso, “acabou por provocar um déficit nas contas públicas do Estado”. Mas, de todo modo, a tal crise exige “contenção drástica nos gastos”. Urge, portanto, uma reforma administrativa, “que diminua o tamanho da máquina”, arrematou o deputado. Não sem antes anunciar a entrega dos cargos que estão à disposição do seu partido, em troca da “autonomia parlamentar”
 
Nada tem a ver, aqui, com oposição. Isso, por outro lado, igualmente subtrai a tão decantada liberdade de agir no Parlamento. Aliás, o atual grupo de deputados jamais conseguiria se desprender da sina de “caititus”. Nem mesmo os suplentes, uma vez que estes também dependem da benevolência do governo para que abra ou continuem abertas as vagas no Legislativo. O que estabelece, assim, uma teia de compadrios e de interesses que unem os deputados regionais e o chefe do Executivo. 
 
Teia, contudo, inibidora do diálogo. Diálogo substituído pela cantilena de uma nota só. Daí a ausência do posicionamento contrário, e, portanto, das críticas necessárias. Inclusive a própria gestão. Esta carece de direção – fruto das divergências, do apontamento das falhas e dos desacertos, vindos à luz em razão das leituras variadas e desenraizadas dos conchavos e das negociatas. Particularmente as que têm como moedas de troca pastas e votação favorável. Esta por aquela, e vice-versa. 
 
Nesse sentido, o “entregar os cargos” soa mais como teste para mensurar a força do PSD, seu poder de barganha no jogo, bem como o de suas lideranças. Explica-se, então, a frase de efeito de “contribuir”, “ajudar o Estado”. Fórmula bastante utilizada por quem se vale do discurso ideológico para seduzir e atrair a opinião pública. 
 
Isso é oportuno. Sobretudo no momento vivido, aonde o tablado de xadrez vem sendo montado com vistas às eleições de 2012 – aperitivos das disputas de 2014. O que pode “esquentar” plenário da Assembléia, sem, contudo, dividi-lo entre oposição e situação. Ainda que tenha o fim de mandato da presidente da Ager, com o PR a pleiteá-lo; a reforma administrativa, pivô das diferenças dentro da base aliada; a CPI das PCHs, com o DEM a transformá-lo em palanque; as PPPs, objeto de desejo de muitos; e as obras destinadas a preparação da Grande Cuiabá para a Copa do Mundo, em especial a construção do Estádio e implantação do VLT. Partido algum almeja perder esse precioso momento, nem mesmo as lideranças políticas. Todos a entoar a marchinha carnavalesca da moda: “vamos superar a crise”. Alguém dúvida?     

Lourembergue Alves
é professor universitário e articulista político, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.


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