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Opinião
Quinta - 25 de Julho de 2019 às 09:49
Por: Gonçalo Barros de Antunes Neto

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O homem não tem uma natureza, mas uma condição. Como ser inacabado, lhe foi dada oportunidade de desencadear em seu favor uma singular formatação advinda de suas escolhas.

Se considerássemos uma tal natureza humana estaríamos a acreditar que o Homem é um ser pronto, acabado. Num simples passar de olhos na sociedade já se observa diferenças que avançam na medida que avançam os processos de escolhas das pessoas. ‘Somos condenados a ser livres’ (Sartre).

Primeiro a existência, depois se completa, compreende, situa, tudo num contexto de relativa liberdade de ação. Ainda que a cultura, o ambiente, o estudo, a pátria, a situação econômica etc., interfira nessa liberdade, os caminhos são percorridos levando em conta as escolhas, que se coloca à disposição de todos.

Por isso que a unidade é impossível. Impor enquadramento às visões e percepções de mundo das mais variadas somente será possível num sistema político de extrema violência e terror; ainda assim, cedo ou tarde, será vencido pelas diferenças, pela condição humana (e não natureza, pois, nesta, sim, possível seria conformá-la).

É justamente por isso que aqueles que detém uma visão pragmática, e tendo sido formados em ambiente austero e de pequena margem de dissuasão, não entendem o ambiente democrático das instituições e dos regimes políticos plurais.

É justamente por isso que aqueles que detém uma visão pragmática, e tendo sido formados em ambiente austero e de pequena margem de dissuasão, não entendem o ambiente democrático das instituições e dos regimes políticos plurais.

As soluções para as derrocadas e dissensões políticas para o ‘prático’ sempre se resumirá em dar cumprimento, exercitando a força se preciso, a determinados lemas e dogmas.

A busca pela unidade será uma constante e sem que apercebam da renúncia ao próprio processo de escolha em favor de alguém ou de uma organização.

O homem pode modificar a si mesmo, liberdade é um poder de ação (Giovanni Pico).

Por não ter uma só natureza, mas várias condições humanas, os caminhos que formatam o complexo do Ser são percorridos após um singular processo de escolhas, tudo à disposição dos praticantes do jogo da vida.

Pensemos num triângulo invertido em que a base será o início de uma amizade entre duas pessoas. Ambos em se tomando o mesmo caminho, temos uma reta ‘ad infinitum’, sem ângulo, sem triângulo, portanto.

De outro norte, com escolhas diferentes, e quanto mais haja diferenças, e isso é um processo natural diante das adversidades e liberdade, mais distantes ficam, sequenciando cada um, um lado do triângulo, que se fechará riscando-se uma reta a unir as distâncias percorridas, sendo que a cada fechamento se terá um triangulo invertido a maior, pois, maior será sempre a distância a separar os fatos e os acontecimentos da vida de cada qual num determinado espaço/tempo.

Tudo a depender das escolhas, do arbítrio de cada qual. Por isso, ‘na vida a gente tem que entender, que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri’ (Tim Maia). Nascer, aqui, não como um Ser pronto, acabado, mas em desenvolvimento.

É por aí...

GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO é juiz em Cuiabá.



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