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Opinião
Quinta - 26 de Dezembro de 2019 às 12:12
Por: Renato Gomes Nery

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Nascemos, crescemos e de repente ficamos velhos. Os sinais da velhice são manifestos: dificuldades para se locomover, para ouvir, para entender e, notadamente, para lidar com os novos avanços tecnológicos. Esses são os grandes e insuperáveis obstáculos. Não são usados pelos mais velhos, com a habilidade necessária, o Facebook, Whatsaap, Twiter e outros meios de comunicação virtuais. E suma, a utilização da Internet é: “Male le má”. Fica-se restrito aos celulares que são usados precariamente para dar ou receber um ou outro telefonema. Os aplicativos nem pensar! Este da conta corrente digital é ótimo, desde que se tenha um japonesinho para ajudar manuseá-lo. Os velhos apreciam ensinar, mas são infensos a aprender.

Enfim, ergueu-se uma parede instransponível entre os velhos e o mundo. Os novos não querem mais conselhos, pois são os donos da verdade e encontram as respostas para o que desejam via digital. Isso levou-se os velhos a o isolamento total, absoluto e completo. E para que eles servem, hoje, eu não ousaria responder! O certo é que eles estão sobrando!

Antigamente, os velhos eram um oráculo, onde se confessava, se reverenciava e escutava solenemente sábios conselhos da consolidada experiência. Enfim, eram eles uma referência. Hoje, são um estorvo para os mais novos. Estes somente os procuram quando se metem em alguma encrenca ou precisam de dinheiro. Triste e lamentável constatação! A onde chegamos!

Mas, deixe que a batata deles está assando! Nada como um dia atrás do outro. Aqui se faz, aqui se paga! Tudo que nasce, cresce, amadurece, envelhece e morre. Esta é uma implacável lei natural. Todos irão pelo mesmo caminho.

Enfim, a vida, mormente para os velhos, é um ofício penoso, como afirmou Machado de Assis. E, hoje, este ofício é muito mais penoso ainda, pois a rapidez da evolução deixou a todos atordoados e, os velhos estupefatos, à guisa de obstáculos intransponíveis.

O Roberto Campos disse que a velhice é uma humilhação. E ela está cada vez mais severa, à medida que se prolongam os anos e a rápida evolução se impõe.

Os velhos encontram-se relegados a um canto qualquer sem forças para reagir e sem perspectivas de uma merecida vida respeitável. É uma crueldade, sim. Mas são, sobretudo, os graves sinais de um tempo ingrato que certamente voltará, em algum momento, à procura das suas raízes e de sua identidade, pois a ingratidão e as máquinas podem quase tudo, mas não são capazes de cultivar, dar e receber afetos. E sem estes a vida perde o sentido.

Renato Gomes Nery. E-mail – rgnery@terra.com.br



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