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Opinião
Quarta - 11 de Março de 2020 às 05:59
Por: Rosana Leite de Barros

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O título do artigo reflete em uma palavra o sentimento da cantora Simony, com a cena que viveu no dia 22 de fevereiro do corrente ano. Ela, juntamente com outro artista, foi convidada a apresentar os bastidores do carnaval, durante a festividade, em um canal aberto de televisão.

Alega que, logo no primeiro dia, o descontentamento aconteceu.

Simony é artista que começou na televisão ainda criança. Quem nasceu nas décadas de 70 e 80, impossível não saber de quem se trata. Na fase de criança, a cantora fez muito sucesso, juntamente com outras crianças, comandando o “Balão Mágico”. Possui enorme desenvoltura frente às câmeras, sendo pessoa extrovertida, como ela se identifica.

A artista teve alguns relacionamentos amorosos, e nunca os escondeu, sempre proporcionado satisfação da vida pessoal ao seu público. Com os relacionamentos advieram o nascimento de filhos e filhas, ao todo quatro. Ela nunca deixou de buscar a felicidade através de conhecer e conviver com alguns parceiros amorosos.

Dudu Camargo, figura já conhecida por causar situações constrangedoras, principalmente com mulheres, fez o esperado

Todavia, nada, e nem ninguém, possui qualquer direito de avaliar relacionamentos e comportamentos de outrem. A vida prega peças, e, muitas vezes, machistas. Simony se relacionou e permitiu caricias das pessoas com quem possuiu vontade. Como deve ser, por óbvio.

Em trabalho, no dia já citado, a celebridade se encontrava entrevistando famosos e famosas que curtiam o carnaval. A alegria dela sempre foi algo inerente, mesmo porque, em sua profissão a empatia deve ser natural.

O apresentador Dudu Camargo, figura já conhecida por causar situações constrangedoras, principalmente com mulheres, fez o esperado. Tendo sido entrevistado na ocasião, forçou um “selinho” na mulher, passou as mãos em seus seios, e afirmou que queria fazer um filho nela.

Certamente, esse assediador em sua mente extremamente poluída e buscando firmar algo, imaginou que tudo ficaria bem com o que fez. Pensou que estivesse agindo de forma natural, pois a sua vítima é uma mulher que já vivenciou alguns relacionamentos. É mãe, artista, e usa roupas a expor o seu belo corpo. Imaginou: porque não a iria o querer?

Ele, um jovem apresentador em “promissora” carreira artística. É sabido da dificuldade de se destacar no meio televisivo, e ele já é pessoa bastante conhecida. Porque ela o recusaria?

E a resposta é muito lógica e simples. Ela não o queria. Ela não o desejou. O corpo dela a pertence. Só devem se aproximar e tocar em seu corpo as pessoas autorizadas. Ela não é obrigada a nada por ser mulher.

Ela pode, e deve, usar as roupas que bem desejar. Ela não devia se calar diante de tamanha humilhação e constrangimento, por ter sido vítima de crime.

Para a vítima foi uma gritante INVASÃO. E tem razão. Estava em ambiente de trabalho, possui nome reconhecido pela mídia, e não queria passar por aquilo.

Segundo a mulher, o agressor não pensou em seus familiares, principalmente filhos e filhas que estavam assistindo a transmissão ao vivo. Além da invasão à mulher, desrespeitos houveram às pessoas que acompanhavam pela TV.

Foram palavras da vítima: “Aconteceu um episódio que me deixou chateada, insatisfeita e invadida. Nós, mulheres, temos o direito de dizer o que a gente quer e o que a gente não quer. O meu corpo é o meu corpo e só toca nele quando eu permitir.”

Ela fez o correto ao não se calar, se indignar, e lavrar boletim de ocorrências.

Não é não!

Rosana Leite Antunes de Barros é defensora pública estadual.



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