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Opinião
Sexta - 17 de Abril de 2020 às 12:12
Por: Ramiro Azambuja

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“Se você quer algo novo, precisa parar de fazer algo velho”. A frase é de Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna, professor, escritor e fonte de inspiração para muitos líderes empresariais em todo o mundo.


A colocação nunca fez tanto sentido quanto agora, um momento em que as empresas, os negócios e as relações comerciais precisam ser reinventadas sob pena de não mais existirem quando dobrarmos a esquina.

Os desafios de saúde que enfrentamos são sem precedentes nessa geração. Os desafios econômicos, seguidamente comparados a grande depressão – crise de 1929 que derrubou as bolsas americanas e afetou a economia mundial por uma década -, podem ser ainda mais acentuados.

Mas sou um otimista potencial e incorrigível. Precisamos sempre avaliar o cenário para que as tomadas de decisões sejam as mais certeiras possíveis, mas nunca podemos esquecer que é na crise que estão os maiores potenciais disruptivos da história.

Até 1929 as compras, em Nova York, eram feitas em pequenos mercados, cada um com sua especialidade: um vendia carnes, outro hortifrúti, e assim por diante. Com a grande depressão e as famílias enfrentando os mesmos problemas financeiros que já começamos a sentir por aqui, um empreendedor americano, Michael Cullen, percebeu que se ele conseguisse comprar em maior volume poderia vender mais barato e atender os clientes. Largou o emprego e investiu tudo para montar um novo modelo de negócio que entrou em operação em 1930 e hoje conhecemos como supermercado. Todas as compras, diversidade de produtos num só lugar, com preços menores.

A próxima vez que você for ao supermercado lembre-se que essa inovação surgiu num dos piores momentos de crise mundial. Lembre-se também que quando as atividades econômicas forem retomadas, não vamos voltar ao que éramos antes, porque o mundo já não é mais o mesmo. Quem pensa assim está fadado a fracassar.

Mesmo após o término da pandemia, a higienização vai ser pré-requisito e exigência dos clientes nos estabelecimentos comerciais. Aglomerações serão evitadas. Reuniões serão realizadas online. Aulas serão ministradas pelo computador. O delivery será cada vez mais presente.

Mudamos nossos hábitos de vida e isso vai ficar registrado em nosso cotidiano. O distanciamento social, ainda que menos severo, vai perdurar por muito tempo e, certamente, vai impactar na forma com a qual nos relacionamos com as coisas e com as pessoas.

Nesse ponto a engenharia tem um papel fundamental porque serão exigidos novos tratamentos para espaços que até então não eram tão levados em consideração. Os empreendimentos vão demandar estruturas mais inteligentes. Nas unidades residenciais os espaços de home office serão valorizados. Nos pontos comerciais, a logística para entregar e receber produtos das empresas será crucial para os negócios. Em ambos, será necessário pensar projetos que facilitem as conexões e a circulação de mercadorias. Nós, que somos do segmento de construção civil, estamos preparados para ofertar o que os clientes já estão precisando, mesmo que ainda não saibam que querem?

Que Michael Cullen e Peter Drucker nos sirvam de inspiração para pararmos de lamentar as dificuldades que virão e procurarmos onde e como podemos fazer algo novo.

Ramiro Azambuja
Diretor-Presidente da EMHA Construtora e Incorporadora



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