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Opinião
Segunda - 19 de Dezembro de 2011 às 08:38
Por: Bruno Peron

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Toda vez que se rememora odiagnóstico do pouco que se lê no Brasil, os interessados no tema sequestionam: como incentivar a leitura de livros e que direção devem tomar aspolíticas públicas no setor de literatura?

O risco que se tem corrido é o derelegar o papel de incentivo à leitura somente às indústrias editoriais etransformar as bibliotecas públicas, que um dia convocaram leitores, emdepósitos de livros ou espaços de que o leitor se olvidou em prol dasconveniências digitais.

Muitos resistem a despender tempo notransporte e arriscar-se a não encontrar o material literário que desejam e,portanto, optam pela facilidade e praticidade de ler mensagens de redes sociaisou dos infindáveis campos de busca do Google que levam "direto ao ponto" dentrodo lar. Cresce o número de quem adota posturas como esta e, assim, desperta ointeresse de gestores e pesquisadores da cultura.

Karine Pansa, presidente da CâmaraBrasileira do Livro (CBL), recorda que houve aumento do número de livrosvendidos em território nacional nos últimos anos apesar da queda do faturamentodesta indústria. Deduz-se, de maneira geral, que houve barateamento dos livrose aumento da leitura no Brasil.

Há cálculos da economia quefacilitam o acesso ao livro, mas não mudam os hábitos culturais enquanto não seconformam políticas de longo prazo que incentivem a leitura e associem estaatividade com o prazer e o desenvolvimento da criatividade.

A Secretaria Estadual de Cultura deSão Paulo organizou o quarto "Seminário Internacional de Bibliotecas Públicas eComunitárias", de 22 a 24 de novembro de 2011 no SESC Pinheiros, na capitalpaulista. Alguns temas da programação foram: acessibilidade, acervo digital,biblioterapia, redes sociais. Há uma tentativa, deste modo, de associar ohábito de leitura a outras atividades que incentivem a saúde e despertem oprazer.

Este Seminário trouxe palestrantesde alguns estados brasileiros e também do Chile, Colômbia, Alemanha e Portugal.O desígnio do evento foi discutir sobre o incentivo à leitura e a disseminaçãode informação nos meios de comunicação diversos. Trata-se, no entanto, de doisdesafios distintos. O primeiro prevê, em certa medida, a reversão de umatendência que o segundo gerou de fazer as pessoas lerem de tudo em qualquerlugar menos livros. Lê-se mais que em qualquer outra época, mas de fontesdiversas e conteúdos amiúde duvidosos quando não comerciais e superficiais, ouseja, que não despertam o senso crítico.

A internet e os aparelhoseletrônicos mantêm as maiorias ocupadas com leituras de uma forma que não seconcebia até pouco tempo atrás. Portanto, devem-se atualizar as estratégias queas bibliotecas elaboram para convocar públicos, ainda que seus edifícios sejamobra da arquitetura mais moderna. Uma delas é a de fornecer acesso gratuito ainternet.

Urge, primeiramente, a identificaçãodas transformações pelas que passam: 1) a indústria editorial, em que seestabelecem monopólios; 2) os hábitos de leitura, em que se priorizam fontesdeterminadas de textualidades sobre outras; 3) e o balanço das políticasgovernamentais a fim de que realmente nos incentivem a ler produtos literáriosde qualidade.

As trocas de experiências sãoproveitosas para que os projetos de incentivo que deram certo em determinadacidade ou país se apliquem noutros contextos. A propósito, o Brasil contou comuma banca na Feira Internacional do Livro em Guadalajara, México, de 26 denovembro a 4 de dezembro de 2011.

A importância das bibliotecas e doslivros persiste em quem acredita nestes como fonte de criatividade,conhecimento e raciocínio e naquelas como espaços que ofereçam algo mais que umcatálogo recôndito de palavras à espera da descoberta.


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