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Opinião
Terça - 28 de Abril de 2020 às 15:48
Por: Onofre Ribeiro

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É do compositor Tom Jobim a frase “O Brasil não é pra amadores”. Sempre que surge uma curva na sua trajetória o país não faz a conversão do jeito certo. Inventa freadas, golpes de direção, acelerações dispensáveis e acaba capotando ou passando a centímetros do precipício.

Parece ser da natureza brasileira correr riscos nas coisas mais simples.

Talvez isso valha positivamente quando forem coisas graves. Com a mesma displicência da curva aberta, o Brasil enfrenta as curvas fechadas. Se fosse um carro teria as rodas amassadas, os para-lamas riscados e os para-choques caídos arrastando na estrada, fazendo barulhão.

Parece ser da nossa natureza não levar as coisas sérias a sério. Vamos aos fatos. O vírus corona, que me recuso chamar pelo nome de covid 19 pra agradar aos sanitaristas, virou muito mais um problema político do que um problema médico-sanitário. No meio da crise, surgiram curvas fechadas e curvas abertas. Passaram correndo por ela motoristas amadores. O próprio presidente da República, os ministros da Saúde e da Justiça. Os três amadores.


Sempre que surge uma curva na sua trajetória o país não faz a conversão do jeito certo

Sairam das curvas amarrotados. Mas felizes pela confusão que aprontaram.

O capotamento do ministro da Saúde, foi feio. Antes ele bateu no carro do presidente da República. Ambos amassaram. Em seguida o ministro da Justiça entra atravessado na curva. Todos sabemos que não se entra atravessado em curvas. Capota na certeza. Mas antes da curva ele bateu no carro do presidente que amassou do outro lado.

E assim nós vamos lidando com a imensa crise do vírus. Economia desabando. Política naufragando e capotando nas curvas. A mídia toda amarrotada. O serviço público amarrotadíssimo. As corporações sem direção. A sociedade perplexa. Paralisada, como sempre!

Por natureza sou otimista. Senão teria morrido lá no começo da minha carreira e até da minha vida. Crises e mais crises sempre marcaram a vida brasileira. Nunca teve um período longo de pacificação. Mas neste momento, lembro Paulo Coelho: “sento à margem do rio Petra e choro!”

Não enxergo bons tempos pela frente. Fora a crise do vírus, a nossa capacidade de inventar crises é extraordinária. Num momento em que o mundo se descontrói para se reconstruir. Nós vamos entrar nas próximas curvas com dirigentes amadores e guiando carros com os pneus carecas...!

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.



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