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Opinião
Quinta - 02 de Julho de 2020 às 05:14
Por: Marino Franz

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Um dos consensos em relação a pandemia do novo coronavírus é de que a partir da agora as pessoas ficarão mais atentas a saúde, sua relação com as questões ambientais e temas como mudança climática, poluição e emissão de poluentes. Isso fará com que parte da população mundial adote hábitos mais protetivos ao meio ambiente, além de cobrarem de seus governantes a adoção de medidas que visem a conservação ambiental.

Esta nova postura favorece as fontes alternativas de combustíveis. O uso de derivados do petróleo, em especial a gasolina, terá cada vez menos espaço. Espaço este que já vinha sendo reduzido com os programas de diminuição de gases poluentes adotadas pelos países signatários do acordo de Paris. Muitos países já colocaram limites para o fim do consumo de combustíveis fósseis. A China, por exemplo, maior consumidor do mundo está entrando muito forte na transição energética.

Ainda não existe consenso para os substitutos aos combustíveis fósseis, mas sem dúvida, a melhor alternativa são os biocombustíveis. Assim chegamos ao Brasil, com sua expertise na produção de etanol de cana de açúcar a agora de milho. Sempre é bom lembrar que construímos o primeiro carro 100% a álcool, um modelo Fiat, ainda na década de 1970. A história brasileira com o etanol tem altos e baixos, mas desde 2003, quando a Volkswagen lançou o primeiro veículo flex, o etanol se tornou definitivamente uma opção ao brasileiro.

O Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos como maior produtor de etanol no mundo. Mas, enquanto nosso etanol tem como origem a cana de açúcar e o milho, nos EUA o combustível é produzido apenas a partir do milho. A entrada do etanol de milho na matriz energética brasileira corrigiu um problema gerado pela natureza, a entressafra da cana, quando os estoques de etanol reduziam e os preços do produto subiam. Hoje, é possível manter a produção e os preços estáveis o ano todo.

Já Mato Grosso é o maior produtor de etanol de milho no país, seguido de Goiás e Paraná. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgados no último mês de maio, apontam que o milho já é responsável por 1,4 bilhão de litros do etanol total produzido no país, somando-se anidro e hidratado. A estimativa para Mato Grosso é chegar a produção de 5 bilhões de litros do biocombustível por ano.

Atualmente, o estado conta com 13 unidades produtoras de etanol, sendo sete exclusivamente de cana, três flex (cana e milho) e três de milho. Mais três unidades exclusivas de milho estão previstas para serem inauguradas nos próximos meses.

Ainda de acordo com o último levantamento da Conab, as perspectivas para a produção brasileira de milho são de uma colheita de 101,9 milhões de toneladas, sendo 75,4 milhões de toneladas somente na segunda safra. Mato Grosso representa a maior área cultivada do país, com 5,4 milhões de hectares – um acréscimo de 10% da safra passada - e a maior produção com 34,5 milhões de toneladas - 10,2% maior que a safra anterior. E o milho tem a vantagem de ser estocável, ao contrário da cana.

Embora o consumo de etanol tenha sofrido um revés no país durante a pandemia - resultado da queda de consumo pela paralisação econômica e a disputa entre os grandes produtores de petróleo, Rússia e Arábia Saudita – o combustível já recupera sua posição no mercado. A política nacional para os biocombustíveis, o Renovabio, entrou em operação e mais de 220 unidades já aderiram ao programa, dando perspectivas otimistas ao setor. Alguns gargalos ainda persistem, como logística e políticas públicas – principalmente em relação a licenças ambientais e tributação – mas o setor sucroenergético e a União trabalham juntos para superar isso.

Com matéria prima abundante, expertise e um mercado consumidor mundial de prestes a explodir, o cenário para a produção de etanol não poderia ser melhor para o Brasil, e em especial para Mato Grosso. Este cenário faz o setor acreditar que poderemos nos tornar a maior região produtora do bicombustível no mundo em alguns anos.

*Marino Franz é sócio fundador da FS Bioenergia e presidente de Fundação de Pesquisa Rio Verde



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